quinta-feira, 23 de novembro de 2017

[Fanfic] Entre Notas - Resenha Crítica

Número de Palavras: -
Capítulos: 11 (até o momento da resenha)
Terminada: Não
Autora: Eduarda Rozemberg e Igor Carvalho
Hospedagem: Wattpad
Gênero: Romance e Novela, Songfic , Drama (Tragédia)

Sinopse: É lindo quando as coisas acontecem por um acaso. No entanto, algumas pessoas acreditam que determinados acontecimentos da vida tem um motivo, um propósito predeterminado mais conhecido como Destino. Valentina e Ricardo se juntam em um desses acasos, ainda dizem que estavam no lugar certo e na hora certa. A partir disso, a vida de cada um deles toma um rumo totalmente diferente do que imaginavam que seria. 
          
Ambos tem personalidades distintas, mas possuem algo em comum: o sonho de não serem apenas um alguém na sociedade. E é com essa premissa, mais o desejo de uma vida juntos que eles seguirão os passos ao sucesso. Ela, uma escritora com desejo de ter as suas ideias expostas para todos. Ele, um guitarrista que pretende viver da música e conhecer mundo afora. Este é o romance entre as notas de Valentina e Ricardo.

Quer ter a sensação de sentir que seus sonhos são possíveis e que por mais estranhos que pareçam, ainda fazem sentido? Então, leia Entre Notas.

Antes de começarmos falando do enredo, gostaria de abrir um parêntese para a diferença entre velho e tradicional, saber diferenciar ambas as coisas vai ajudar a entender melhor o gênero dessa história. Uma coisa velha é algo ultrapassado, em desuso. Enquanto algo tradicional é algo que sobrevive ao tempo em funcionamento, por exemplo: o disquete é algo velho, enquanto a escrita é algo tradicional. Podemos colocar nesses termos. Então, do mesmo modo, o gênero da história, o clichê, assim como acontece com a jornada do heroi, pode ser considerado um gênero tradicional.

Muita gente torce o nariz para o clichê e, muitas vezes, mal nota que suas histórias favoritas são compostas por esse gênero ou permeiam seus arredores. Não é porque é clichê que a história é automaticamente ruim, quando bem trabalhado o gênero pode sim ser extraordinariamente aproveitado e conter os elementos de uma narrativa rica e, às vezes, até mesmo imprevisível. Um bom  exemplo de clichê bem trabalhado é o liro Métrica da Colleen Hoover que aborda o tema aluna x professor permeando com contextos familiares complexos.

Pois bem, dito isso, passemos para a história em si. Entre Notas conta a história de Ricardo, um guitarrista que sonha em ascender com sua banda, e Valentina, uma escritora cujo maior desejo é ver suas histórias avançarem pelo mundo. A história deles se destaca em meio ao comodismo humano muito presente nas sociedades, onde a maioria das pessoas se prende ao confortável mundo da rotina sem qualquer espécie de ambição  que funcione como uma mola propulsora para expandir seus horizontes, é nesse ponto que as personagens da história se sobressaem, ambos querem deixar uma marca no mundo, querem disseminar ideias e sentimentos a partir daquilo que sabem fazer melhor. Essa característica, inclusive, é muito presente no Augustus Waters de A Culpa é das Estrelas.

A busca da realização pessoal e profissional, atrelada ao relacionamento afetivo, é a mensagem principal do livro que, em cada capítulo, busca mostrar que sonhar é sim possível e necessário mesmo diante dos obstáculos impostos pela vida e pelo país em que vivemos. Valentina e Ricardo não querem ser só mais um casal trabalhador de empresas que tem filhos para criar, mas eles querem acontecer no mundo à sua própria maneira, focando no sucesso profissional, nas conquistas pessoais para, então, estabelecer uma família. Que é o certo, gente, o Brasil, principalmente, tem muito de fazer as pessoas pensarem que estabilidade é apenas um casamento ou um emprego que você vai odiar o resto da vida, mas que vai te manter, e não é! Claro que a gente pode passar por esses empregos sim no percurso, mas sem nunca perder o foco naquilo que queremos alcançar.

Partindo para a escrita da história, Entre Notas é narrada em terceira pessoa com uma introdução no prólogo narrada em primeira pelo personagem principal, Ricardo. O estilo narrativo pode ser considerado contemporâneo por ser uma linguagem parcialmente coloquial que nos dá a entender que é o próprio personagem que está falando de si em terceira pessoa e isso pode ser, ao mesmo tempo, uma boa aposta e um jogo perigoso, pois, "coloquializar" demais a narrativa pode dar a ideia de um texto pobre mesmo em primeira pessoa. Isso acontece mais ou menos já no prólogo de Entre Notas em que a terceira e a primeira pessoa se mesclam na narração de uma forma confusa, não permitindo ao leitor saber quando é qual.

Entenda, usar um narrador personagem e usar uma narração em terceira voz são coisas distintas. Veja, por exemplo, o livro O Nome do Vento que é narrado pelo próprio personagem enquanto oscila com a terceira pessoa em alguns "entremezzos" do livro que são os capítulos focados no tempo presente. Isso é muito válido para o estilo que o autor adotou e para o leitor fazer essa divisão, contudo, Entre Notas peca ao desenvolver esse prólogo que mistura os dois de maneira meio errônea fazendo o leitor ter a impressão de que a autora não se decidiu sobre que tempo usar. Por exemplo:
Foi aí que ele a viu. 
Ela tinha o cabelo enrolado e parecia até um pouco embolado; a minha memória não me falha, aquela pele clarinha estava vermelha pelo sol. Era muito magra, tinha os olhos fundos e olheiras muito fortes, não era lá muito bonita, embora tivesse o rosto fino. Ricardo conseguiu reparar.
Entendem o que digo? Mesmo que se saiba que é o próprio Ricardo que está contando a história, essa dualidade pode causar confusões ao longo da narrativa e, até mesmo, mostrar inabilidade por parte da autora no uso dos discursos narrativos. Mas novamente essa é a minha opinião como leitora e autora.

A ideia de abrir os capítulos com letras de música também me lembrou Métrica, que utiliza o mesmo recurso, e combinou muito com o que a história se propõe. Felizmente, o equívoco do prólogo não se estende ao primeiro capítulo que se mostra muito bem escrito com uma necessidade bem básica de correção, a história flui muito bem com narrações intercaladas pelos eventos de cada personagem que são usadas também na série Instrumentos Mortais, algo muito pertinente para o desenvolvimento da história.

O romance, baseado nos sonhos de seus protagonistas, pode ser um forte motivador para muitos escritores ou simplesmente pessoas com sonhos considerados por muitos como impossíveis. Seu amor e determinação também pode romper os limites de seu pessimismo? Confira a jornada desses dois adolescentes e se apaixone junto a eles a cada linha e a cada capítulo.

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

[Fanfic] She Will Be Free (Resenha crítica)

Número de Palavras: 116.000
Capítulos: 30
Terminada: Não
Autora: Monick Fanfictions
Hospedagem: Spirit Fanfictions
Gênero:  Drama (Tragédia), Ficção, Romance e Novela, Violência

Sinopse: Ela nunca imaginou que as coisas pudessem ocorrer tão depressa, mas... Ocorreram. 
Ela não compreendia como aquele rapaz que parecia tão perfeito, se demonstrava ser um rapaz tão ruim. 
Mas um pai não desistirá de sua única filha e vai reencontrá-la. Ele realizará este desejo de sua mãe, nem que esse seja o último... 
Mas o que mais se questiona é: Ela estará livre?

Olá, pessoal!

Aqui vamos oferecer uma análise um pouco mais detalhada da resenha apresentada no vídeo de do canal, far-se-á aqui anotações relevantes de alguns pontos que não puderam ser abordados no vídeo para que não estendesse a duração estimada.

She Will Be Free é uma original escrita em primeira pessoa, narrada pelo recurso de intercalação de personagens. Me impressionei ao começar a ler essa original de suspense, não dava muito nela, mas me surpreendi com a vida que a autora da a seus personagens e o desejo de cada uma dentro de um tema não muito abordado pelos escritores: sequestro de mulheres. O desenvolvimentos de personagens se tornou a chave dessa história, confira um pouco mais de detalhes sobre essa história cheia de reviravoltas que prendem o leitor, contudo, há algumas ressalvas a serem feitas a respeito da narrativa.

É uma história realmente bem escrita, mas a autora explora muito pouco os cenários - mesmo sendo narrada em primeira pessoa, dar a impressão mesmo que parcial dos cenários ajudaria muito no imaginário do leitor. - O recurso de intercalar personagens é válido nesse tipo de história, mas foi usado, de algum modo, de maneira incorreta. A intercalação deve ocorrer para nublar acontecimentos que revelem o mistério central do enredo ou para criar um suspense mais profundo na trama, por essa razão, é errôneo e até mesmo esteticamente ruim colocar mais de dois pontos de vista em um mesmo capítulo.

O primeiro é um capítulo de apresentação de personagens e, acredito, poderia ter sido melhor explorado se a autora tivesse feito um prólogo atraente, colocando alguma cena ou revelação indireta da história que intensificasse a simpatia pelas personagens, mas que só seria explicado mais para frente na história (contudo isso é apenas uma sugestão pessoal). O enredo, inclusive, vai se desenvolvendo a partir da evolução dessas personagens, o que é um ponto muito positivo no desenvolvimento da história, inclusive, é uma história sem, exatamente, um personagem central, ainda que tenha um antagonista e isso é uma ferramenta ousada da autora, mas que casa bem com o tipo de narrativa a que ela se propõe e, ao mesmo tempo, contribui para o clima de tensão da história.

No começo da história, uma garota é sequestrada por uma personagem do tipo "padrãozinho", aquele carinha loiro, bonito, branco que não parece nunca ser esse tipo de vilão, já no ponto de vista dele fica bem claro que ele é um antagonista e que seu divertimento é enganar garotas como aquela. Há várias subtramas que se entrelaçam entre si, mas, do mesmo jeito que não há um personagem principal também não há uma trama central e, talvez, essa ausência de núcleo seja o que torne a trama tão interessante de se ler, além, é claro, do tema principal que é o sequestro de mulheres.

Falando em questões de divulgação, a sinopse está intrigante e parcialmente bem construída, mas faz-se necessário alguns acréscimos que nos atraiam para a leitura da história, carece de informações que conquistem o leitor. Há alguns recursos para isso e é sugerido que a autora os busque. A capa é até certo ponto enigmática, mas pelo teor do livro não parece conversar muito com o texto.

Então, como veredito final, o Leitor Beta recomenda sim - e muito - a leitura de She Will Be Free! Principalmente para você que procura uma história que foge do convencional, com uma boa trama de suspense, um desenvolvimento de personagem maravilhoso e que, apesar de não ser o foco, tem sim aquela dosezinha de sal de romance. Nota 10!

sábado, 23 de setembro de 2017

[Fanfic] Angels I - O Despertar/ Haunted House 4 (Análise de 1º Capítulo)

Autor: Wolford
Gêneros: Ação, Aventura, Ficção, Ficção Científica, Luta, Magia, Romance e Novela, Shoujo (Romântico), Sobrenatural, Universo Alternativo, Violência
Hospedagem: Spirit Fanfictions
Sinopse: A cada dia que se passa a humanidade da um passo para o fim, perdida em sua ignorância e crueldade, cega pela sua ganancia. A sua maldade está se espalhando como uma epidemia pelo mundo, alimentando as chamas do inferno que se ergue para a batalha, uma batalha devastadora que assolou um mundo mais antigo que a própria terra.
Mas nem tudo está perdido, ainda há pessoas pela qual vale a pena lutar, pessoas boas que vivem entre o mal, como estrelas em um céu sombrio. É por essas pessoas que eles lutarão, são por elas que o mundo verá o nascer do sol mais uma vez.



Olá, pessoal!

Estou tentando me organizar para ir trazendo as análises para cá de acordo com a minha agenda (sim, eu uso uma!) e com o tipo de vídeo que tem no canal do leitor beta (que são muitos, por sinal!), é um pouco difícil converter os vídeos em texto e transformar isso em uma coisa coerente, entendem? Por isso, se a sua história já foi analisada, mas ainda não apareceu aqui, por favor, paciência, eu vou colocar. Mais uma coisa, a equipe de análise é muito pequena, gente, então, se você enviou sua história, mas ainda não foi analisado, espere mais um pouco, tudo bem? Sua análise vai sair.

Hoje temos um post de análise dupla, esse é um vídeo em que o Hadou, idealizador do LB, comentou sobre três histórias, entre elas uma era minha e por isso não vou listá-la aqui, não é ético a autora comentar a própria história, não concordam? Sem contar que, mesmo que ele tenha apresentado a análise dele, não me sinto confortável sequer em reproduzi-la aqui porque é estranho escrever sobre meu próprio livro. Então, vou me ater a comentar apenas as fanfics de outras pessoas, principalmente porque muitas delas eu preciso ler para tecer comentários adicionais que o Hadou não pôde fazer no vídeo. Eu vou iniciar a análise com os comentários que ele fez no vídeo e, posteriormente, vou dar minhas ponderações a respeito do primeiro capítulo da história. Dito isso, vamos nessa!

Angels - O despertar é uma história escrita em terceira pessoa e faz parte de uma trilogia em 3 atos que conta a história de Hunter, um rapaz que busca respostas para as alienações que estão ocorrendo em seu mundo. É uma história maravilhosa que mescla ação e terror de forma muito leve graças ao alívio cômico dado pelo autor tornando-se uma boa aposta para os amantes de distopia e mundos pós-apocalípticos.

Tem prováveis influências de jogos como Devil May Cry em que as ações ruins dos humanos atuam como "alimento" para demônios conferindo-lhes força, a guerra acontece em um plano espiritual que não é visto pelos humanos, não tem graves erros de ortografia, mas peca um pouco na concordância. Num cômputo geral, Angels é uma história envolvente com uma escrita magnética que usa a terceira pessoa sem descrições exageradas, mas deixando tudo muito claro para o leitor semelhante ao estilo do Rick Riordan, é uma escrita muito suave com uma leveza que não cansa principalmente porque vai intercalando a história central com episódios de ação e aventura o que equilibra bem o ritmo da narrativa. Ainda conta com o excelente recurso de omissão para prender o leitor com questões que o próprio protagonista faz e que, provavelmente, serão respondidas no decorrer dos atos.

Em minha análise pessoal, começando com os recursos de apresentação, achei que a capa tá bem okay, condiz com o clima e o conteúdo da história e não passa um excesso de informações. A sinopse foi bem construída, mas carece de algumas informações de atração ao leitor, informações que puxem para a narrativa em si. Contudo, dá a entender que além do clima fantástico que permeia o corpo da ideia a se desenvolver, tem um certo teor reflexivo que é muito válido principalmente em histórias que envolvem esse cunho "religioso" que pode agir como uma faca de dois gumes caso o autor não saiba calibrar sua narrativa para que seja algo unânime que não fira a crença de ninguém.

Partindo para o primeiro capítulo, intitulado Pesadelo, percebo que há uma certa discordância entre o tempo verbal escolhido para a narração, parece que o autor fica em constante conflito entre o tempo presente e o passado o que dificulta ao leitor saber em que momento a cena está acontecendo. Quando escrevemos uma história em terceira pessoa, o cenário se torna nosso principal personagem, assim como pode-se narrar a visão de uma personagem em terceira pessoa, ainda assim essa segunda opção volta para a primeira. Há algumas discrepâncias na acentuação como o uso de acentos onde não há acentos e a ausência onde deveria haver (mas quem nunca?) sem contar na pontuação como um todo, contudo, se ele tem um beta reader como o Hadou disse no vídeo, seria interessante conversar com ele a respeito e pedir que focasse um pouco mais nessa parte.

Os recursos narrativos são pouco utilizados e a escrita é num todo muito simplista e despreocupada (o que nem sempre é bom), certo, eu posso estar sendo meio carrasca, o rapaz disse que só escreve por diversão e tudo mais, mas vejam, o objetivo do blog é auxiliar os escritores, não? Não estou diminuindo em nada a história do rapaz, estou apontando onde acho que ele pode trabalhar mais, apenas isso, muitos desses "erros" que ele comete podem facilmente ser corrigidos com leitura mais assídua, como por exemplo as vírgulas nos vocativos e a escrita de palavras básicas como consigo. Ele não deixa claro em que lugar a história se passa (pelo menos não no primeiro capítulo) e apesar do nome do personagem principal ser americano o da sua irmã, Beatriz, e da mãe, Sofia, podem indicar várias possibilidades entre elas o Brasil, é por isso que a primeira interação entre esses três personagens é feita de maneira... como direi? Descontextualizada. Vou usar essa por falta de uma palavra melhor. Esse diálogo ficou muito fora de tom e, na revisão, aconselho a tirar ou remodelar.

A transição tempo/espaço também é confusa. O modo como ele muda o tempo e os cenários não são explicados de maneira que o leitor se situe dentro da narrativa, esse é outro ponto que deve ser observado. Os primeiros capítulos, geralmente, apresentam o personagem ou a questão central da obra (ou os dois mais comumente), contudo as coisas no primeiro capítulo de Angels são meio bagunçadas, a tentativa de criar tensão, sem os recursos metodológicos que uma narrativa desse porte exige, se tornam pouco efetivas e, de novo, reitero que falo isso como leitora e autora há 21 anos, não estou tentando me por a cima de ninguém, pessoal (as pessoas tendem muito a pensar isso), eu estou falando essas coisas como forma de ajudar o autor a melhorar, minha função nesse blog, enquanto organizadora, é essa. Mostrar os dois pontos de vista da questão, do Hadou enquanto idealizador e resenhista e o meu enquanto organizadora e leitora, tento contribuir com a minha experiência que apesar de não ser muita, recebeu ajuda de pessoas que realmente entendem do assunto. Estou dividindo o que aprendi, apenas, não estou criticando o trabalho do rapaz para derrubá-lo, pelo amor de Deus, não encarem dessa forma.

A título de exemplificação, separei um trecho do texto dele que mostra muito do que eu pude analisar nesse primeiro capítulo:

Notem que é necessário o uso de travessão, a narração é simplista e sem quase nenhum recurso e mesmo as descrições de espaço são feitas de maneira muito direta, meio como aconteceu com a última análise de capítulo, The Crow and the Butterfly, fica uma coisa um pouco "seca" porque o autor não usa de qualquer lirismo para fazer a narrativa fluir de maneira mais leve. Reescrevi esse trechinho para exemplificar mais ou menos o que quero dizer:

— Que droga de sonho foi essaPraguejou consigo mesmo chutando as cobertas de cima do corpo e sentando-se na cama. 

Hunter passou os dedos sobre os olhos castanhos, ainda sonolentos, pressionando-os numa tentativa um pouco falha de fazê-los adaptar-se à luz da manhã. Deslizou os dedos pelo rosto afastando os cabelos escuros e desgrenhados da testa, sem sucesso, uma vez que voltaram para onde estavam. Com um bocejo cansado, espreguiçou-se e arrastou-se para fora da cama na tentativa de começar o dia.

De pé, passou os olhos pelo quarto, tudo parecia costumeiramente normal, o guarda-roupas escuro em um canto da parede com uma das portas entreaberta que ele desistira de consertar há tempos —, a escrivaninha em frente a única janela no cômodo onde seu laptop repousava ao lado de algumas revistas sobre games e HQ's, alguns cadernos e o pequeno relógio que, ele lembrou, também estava no estranho pesadelo. Os raios de sol escapavam pelas frestas da persiana formando padrões paralelos no pequeno local. "Foi só um pesadelo" lembrou a si mesmo. Se repetisse aquilo vezes o suficiente, talvez fosse capaz de acreditar.

Bem, essa é a minha contribuição para a história do senhor Wolford, pelo que o Hadou falou a história parece seguir um plot interessante, embora não seja meu tipo de enredo favorito, notei pelo primeiro capítulo que o trabalho de personagens ainda está em progresso lento e, para uma história de 3 partes acredito que um trabalho melhor de planejamento ajude a melhorar o ritmo e a cadência da prosa. Mas, novamente, é minha opinião e apenas um conselho.

Autor: AngelTheAngel
Gêneros:  Ação, Aventura, Crossover, Drama (Tragédia), Fantasia, Ficção, Ficção Adolescente, Mistério, Romance e Novela, Saga, Shonen-Ai, Sobrenatural, Suspense, Terror e Horror, Violência
HospedagemSpirit Fanfictions
Sinopse:
Vingança, este é o objetivo.
A justiça deve ser feita a todo custo.
A Mansão EastWood deve ser destruída, e tem que ser hoje!
"Angel:-Faremos elas pagarem por tirar a vida de nossos amigos, elas vão se arrepender por terem cruzado nosso caminho."

O Hadou foi bem conciso ao falar dessa história e, pelo que entendi no vídeo, ela se trata de uma oneshot que é sequência de outras três ao qual está ligada de algum modo. É um tema, inclusive, que não posso opinar muito porque nunca li: youtubers. Ele falou sobre várias pessoas no vídeo que não conheço, então, vou meio que "mesclar" a opinião dele com a minha e dar um parecer da história sem spoilers. Provavelmente, como essa é a quarta de uma possível sequência, eu vá entender pouco da história, por isso vou me ater aos termos técnicos referentes à produção narrativa como fiz com a história anterior.

Haunted House é uma história escrita em primeira pessoa e tem um tema que eu até então não tinha visto: youtubers, não sou uma frequentadora do Spirt Fanfics, então imagino que as categorias lá são bem amplas ao contrário do Nyah e do Wattpad mesmo que esse último seja relativamente "livre". Logo de cara a gente já vê que ela é narrada com os famigerados POV's e aquelas histórias de coisa on e coisa off, gente, repito: não façam isso nas histórias! A menos que você esteja escrevendo um roteiro esse tipo de recurso não cabe em narração nem esteticamente, nem literariamente. Independente de você escrever por hobby ou por querer mesmo se construir como autor, a apresentação e o zelo com a sua narrativa dizem muito sobre você e o seu domínio de leitura.

A escrita dela, apesar de simplista, é um pouco mais sólida que o autor anterior. Mas ainda carece de muita técnica narrativa advinda da prática e da leitura constantes. O modo de assinalar os diálogos é outro ponto que mostra isso, novamente, não façam isso se não estão escrevendo um roteiro (e acredite, escrever um roteiro é mais difícil do que parece!), vê-se que ela tem preocupação em descrever os espaços e objetos, ainda assim isso é feito de maneira um pouco abrupta e com um ritmo que, ao invés de contribuir para a eloquência do texto, acaba dando a impressão de que está ali para "preencher a página". O excesso de espaçamento também dá uma aparência muito desleixada à história.

Não sei se isso aconteceu nos outros 3, mas para ser o 4º achei o desenvolvimento de personagem muito fraco, o capítulo dá a impressão de estar solto e desconexo, a personagem cria monólogos que nada têm a ver com o contexto em questão e os diálogos são muito ilógicos e pouco acrescentam ao desenvolvimento do enredo. Inclusive, acho muito desnecessário ficar jogando os capítulos de forma independente se as histórias são uma sequência, deveriam estar dentro de uma mesma história, mas isso é uma opinião minha. Concordo com Hadou quando ele diz que ela precisa, sim, de um trabalho maior no desenvolvimento de personagem e no desenvolvimento de narrativa também, isso como um todo. Falta técnica, uso dos recursos básicos de uma narração como organização, disposição de diálogos, descrição,  etc.

Finalizando com os recursos estéticos, a sinopse está completamente sem informações relevantes acerca do enredo (e reitero que isso tudo devia estar em um arquivo só), a capa não chama a atenção e apesar de ser condizente com o contexto do enredo, para uma pessoa que não conhece a história (como eu) e "cai de paraquedas ali", sinceramente, não leria mesmo. Sugiro fortemente um trabalho — preferencialmente com o auxílio de um beta — de revisão, reformulação e estruturação de enredo. 

Por enquanto é isso, pessoal, espero que tenham gostado das análises e me desculpem realmente se eu soei grossa ou arrogante, não é essa a intenção mesmo, estou aqui com o intuito de ajudar, só isso. Abaixo confira a resenha em vídeo do Hadou para essas duas histórias e até a próxima análise!


segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

[Fanfic] Mas se Você Vier (Análise do 1º Capítulo)

Autor: ElizabethJules
Categorias: Frank Iero, Gerard Way, My Chemical Romance
Gêneros: Crossover, Drama (Tragédia), Famí­lia, Ficção, Lírica, Poesias, Romance e Novela, Slash, Universo Alternativo
Status: em andamento (213 cap.)

Sinopse: Eles tiveram um passado juntos. 
Tiveram uma história, de alegria e tristeza, sucesso e fracasso, juntos. 
Até que essa linda história ironicamente os separou. 
Eles cresceram, mudaram, e depois de anos reencontram-se em um novo momento de suas vidas. 
Eles são outros, mas talvez aquele sentimento de antes nunca morrera e talvez esse mesmo sentimento seja o que eles mais precisem, a única coisa capaz de salvá-los. 
Poderiam duas pessoas que se afastaram pensando ser definitivo se reaproximarem para descobrir que o passado já não importa mais, e sim o futuro? 
Permitir-se-iam essas pessoas uma nova vida, novamente juntos? 
Permitir-se-iam esses corações esquecerem as convenções e ouvirem o que realmente sempre fora o mais certo em si? 
Talvez, porque nada é impossível, mas algumas coisas são para sempre.

Olá, pessoal!

De volta trazendo mais uma análise de capítulo para vocês, dessa vez com uma fanfic de banda monstra que ainda não está terminada, mas tem fucking 213 capítulos e não pensem que são capítulos de 100 ou 500 palavras não, eu vi capítulos com fucking 12 mil palavras (miga, pega leve, okay?), ou seja, a guria em questão está tentando superar O senhor dos Anéis porque do tamanho que a coisa vai ela vai entrar no livro dos recordes como o maior livro de yaoi da história. Aproveitando essa deixa, já vou deixando uma dica básica, não postem capítulos monstros assim, gente, 12 mil palavras é muito extenso e pode dar a impressão de que o autor está enchendo linguiça pra encher o livro, aprenda a ter um controle de divisão dos seus capítulos e entender que eles são uma das pedrinhas que formam o caminho da história, então conte o que é importante para ela caminhar, o recomendável é postar capítulos de, no máximo, 6 mil palavras (e já é considerado um capítulo muito longo). Uma amiga minha, cuja história eu estou analisando criticamente, me mandou uma vez um capítulo com vinte e uma páginas e fucking 17 mil palavras, eu disse a ela que ia analisar sim, mas quando ela fosse reescrever teria que dividir em pelo menos três partes. Então, fica a dica pra você!

Bem, esse é novamente um daqueles vídeos que o Hadou fez com o cara que eu nunca lembro o nome e, por causa do tamanho do vídeo, eles falaram bem por alto sobre a história. Quando eu fui olhar a respeito eu vi que era uma fanfic de banda, eu ouvi algumas músicas do My Chemical Romance, é uma banda de rock progressivo, mas não curti muito não apesar de ser fã de rock. Então não é uma banda que eu conheça a fundo, aí, vi que era uma fic do gênero yaoi (nomenclatura japonesa também conhecida como BL que é a sigla de Boys Love, gênero que separa romances entre homens) e falei opa! É uma coisa minha, entendem? Eu não leio yaoi, yuri, shoujo-ai, shonen-ai, mpreg, shota e loli-con por opção, não são gêneros que me despertam a atenção, contudo, não tinha como eu simplesmente me recusar a analisar o capítulo da menina por causa disso, então aqui estamos nós. 

Comecemos pelos recursos de divulgação. A capa foi encomendada e está bem feita, se condiz ou não com o conteúdo da história eu não posso dizer, mas visualmente é bonita, a sinopse apesar de estar bem escrita não é totalmente eficiente, ela tem o claro objetivo de ser enigmática, mas não cumpre o papel de informar o leitor sobre o conteúdo do livro e a história do enredo, ela simplesmente dá algumas informações subtendidas do que se pode esperar e deixa perguntas que o leitor precisará ler para descobrir. Dessa forma, sugiro que a remodele.

Passando para o primeiro capítulo, sabemos logo de cara que Mas se Você Vier é uma fanfic em primeira pessoa que alterna pontos de vista entre suas personagens principais, na grande maioria Gerard e Frank e é com o primeiro que a história se inicia. Já no início voltamos ao famigerado POV, eu nem vou comentar isso, sério. A autora escreve muito bem, ela é um bom exemplo do que é uma linguagem simples, mas bem usada, contudo a divisão muito espalhada e o quase desaparecimento de parágrafos é algo que precisa ser revisto, o recurso que você usa, de destacar os pensamentos do Gerard em forma de "pirâmide inversa" por assim dizer, fica muito legal, mas fazer isso o capítulo todo pode dar ao texto uma estética ruim, flor, então é bom dar uma reavaliada na organização do texto. Ah, sim, como foi um equívoco recorrente então eu vou falar aqui: dá uma conferida no uso dos porquês aí, okay? Você está se atropelando com eles.

Outra coisa que merece atenção é o uso dos tempos verbais, amiga. Dá uma repassada nisso ou pede pra alguém olhar pra você (com uma fic desse tamanho eu sinceramente admiro sua coragem de revisar! Tem meu respeito). A fanfic é muito centrada nos pensamentos e sentimentos da personagem, o que é bom e é típico das histórias nessa voz e estilo narrativo, mas não ignore completamente a descrição de espaço, o seu leitor precisa ter uma noção de onde a personagem está e de como esse ambiente influencia suas emoções. Uma dica bacana também é que, já que a história tem esse tom intimista, você pode adotar o recurso de "flashback" (logicamente sem usar a palavra. Nada de flashback on/off pelo amor de Deus!) introduzindo memórias da relação das personagens para formar um plano de fundo mais consistente na história sem, ao mesmo tempo, mostrar muito da história deles deixando isso para o decorrer dos capítulos. A caracterização de personagens, mesmo para o primeiro capítulo, está boa, dá para sentir a melancolia e a personalidade do Gerard o que já é meio caminho andado em uma narrativa de primeira pessoa.

Gente, quantos anos a filha dele tem? Aquele diálogo ficou um pouco deslocado, pelo menos foi a impressão que eu tive. Apesar de você claramente ter uma habilidade de deixar a linguagem simples, mas ainda assim combinar com o tom pessoal da personagem, dando-nos a impressão de que ele está conversando conosco, em alguns momentos da sua história você acaba se perdendo para uma linguagem simplória que quebra o tom inicial. É visto que você tem costume de ler, se livros ou não eu não posso dizer, mas pelo menos algumas fanfics das mais bem escritas, isso com certeza. Eu digo isso porque para ser sua primeira fanfic você realmente entrou com o pé direito, tem algumas técnicas instintivas que só se consegue com leitura e o seu domínio de linguagem é bom para um autor iniciante o que me diz que você leu, ainda assim a construção do enredo embora pareça firme (o que me diz que você tem um planejamento) não demonstra uma narração homogênea ficando claro em algumas passagens que é a sua primeira fic e essa impressão fica indo e voltando conforme a linguagem oscila o que acaba quebrando um pouco a magia da história.

Sabe a impressão que me dá? Vou fazer uma comparação com os animes slice of life, o capítulo inicial te mostra um problema X subtendido nas entrelinhas: Gerard gosta de Frank, mas está casado com uma mulher e o único alento da sua vida é a filha Bandit (aliás, que nome hein, filhinha!), o casamento parece em processo de fracasso intermitente. Okay. Mas fora isso, o capítulo "não anda" pra lugar nenhum, sabe? Grande parte do que está escrito ali é irrelevante pro enredo central, parece aqueles animes de slice of life que as coisas acontecem em um ritmo muito "lesmal" (isso é um neologismo, certo?), mas na maior parte das vezes, por serem animes que se focam em um aspecto da vida cotidiana de uma personagem: seja ele dentro de uma profissão ou situação específica, os acontecimentos tem esse propósito. Contudo, pelo que deu para perceber, o enredo da sua história se foca no relacionamento entre as personagens centrais e nas consequências disso nos demais personagens, por isso, mastigar desse jeito a vida do Gerard é o jeito errado de mostrar o cotidiano dele, a história acaba se tornando sem ritmo e dá a impressão de que não caminha. Há outras formas mais práticas de apresentar a personagem de forma eficiente.

A função do capítulo dentro de um enredo é, como eu disse uma vez, como um tijolo na construção de uma casa. É preciso que ele cumpra o seu papel apresentando algo novo na sua história, pelo ponto de vista do enredo. Cada capítulo deve mostrar algo diferente do seu personagem, ou seja, uma nova camada do seu protagonista que o leitor não conhecia até aquele estágio do livro. O primeiro capítulo de um livro situa o leitor em quem é aquele personagem, onde acontece a situação do livro e qual o problema enfrentado, mas isso tudo precisa ser feito com cadência e ritmo, algo que eu senti falta no primeiro capítulo da sua história. Então, essa parte mais estrutural e de fluidez do texto é o que eu recomendo você ver mais, principalmente em se tratando de uma história tão grande (eu sugeriria que você separasse as fases em livros distintos, acho que ficaria melhor para os leitores acompanharem, mas é uma sugestão apenas). Você escreve bem, sim, mas dá para melhorar muito o seu ritmo de narrativa, aposte em leituras um pouco mais sérias de livros dentro do seu conteúdo com a temática que você quer apostar (eu nem posso te recomendar porque não conheço títulos com esse tema). 

E é isso, gente. Espero que tenham gostado da análise e que ela tenha ajudado de alguma forma a no seu desenvolvimento como autor. 

Grande abraço e até a próxima!