Capítulos: 11 (até o momento da resenha)
Terminada: Não
Autora: Eduarda Rozemberg e Igor Carvalho
Hospedagem: Wattpad
Gênero: Romance e Novela, Songfic , Drama (Tragédia)
Sinopse: É lindo quando as coisas acontecem por um acaso. No entanto, algumas pessoas acreditam que determinados acontecimentos da vida tem um motivo, um propósito predeterminado mais conhecido como Destino. Valentina e Ricardo se juntam em um desses acasos, ainda dizem que estavam no lugar certo e na hora certa. A partir disso, a vida de cada um deles toma um rumo totalmente diferente do que imaginavam que seria.
Ambos tem personalidades distintas, mas possuem algo em comum: o sonho de não serem apenas um alguém na sociedade. E é com essa premissa, mais o desejo de uma vida juntos que eles seguirão os passos ao sucesso. Ela, uma escritora com desejo de ter as suas ideias expostas para todos. Ele, um guitarrista que pretende viver da música e conhecer mundo afora. Este é o romance entre as notas de Valentina e Ricardo.
Quer ter a sensação de sentir que seus sonhos são possíveis e que por mais estranhos que pareçam, ainda fazem sentido? Então, leia Entre Notas.
Antes de começarmos falando do enredo, gostaria de abrir um parêntese para a diferença entre velho e tradicional, saber diferenciar ambas as coisas vai ajudar a entender melhor o gênero dessa história. Uma coisa velha é algo ultrapassado, em desuso. Enquanto algo tradicional é algo que sobrevive ao tempo em funcionamento, por exemplo: o disquete é algo velho, enquanto a escrita é algo tradicional. Podemos colocar nesses termos. Então, do mesmo modo, o gênero da história, o clichê, assim como acontece com a jornada do heroi, pode ser considerado um gênero tradicional.
Muita gente torce o nariz para o clichê e, muitas vezes, mal nota que suas histórias favoritas são compostas por esse gênero ou permeiam seus arredores. Não é porque é clichê que a história é automaticamente ruim, quando bem trabalhado o gênero pode sim ser extraordinariamente aproveitado e conter os elementos de uma narrativa rica e, às vezes, até mesmo imprevisível. Um bom exemplo de clichê bem trabalhado é o liro Métrica da Colleen Hoover que aborda o tema aluna x professor permeando com contextos familiares complexos.
Pois bem, dito isso, passemos para a história em si. Entre Notas conta a história de Ricardo, um guitarrista que sonha em ascender com sua banda, e Valentina, uma escritora cujo maior desejo é ver suas histórias avançarem pelo mundo. A história deles se destaca em meio ao comodismo humano muito presente nas sociedades, onde a maioria das pessoas se prende ao confortável mundo da rotina sem qualquer espécie de ambição que funcione como uma mola propulsora para expandir seus horizontes, é nesse ponto que as personagens da história se sobressaem, ambos querem deixar uma marca no mundo, querem disseminar ideias e sentimentos a partir daquilo que sabem fazer melhor. Essa característica, inclusive, é muito presente no Augustus Waters de A Culpa é das Estrelas.
A busca da realização pessoal e profissional, atrelada ao relacionamento afetivo, é a mensagem principal do livro que, em cada capítulo, busca mostrar que sonhar é sim possível e necessário mesmo diante dos obstáculos impostos pela vida e pelo país em que vivemos. Valentina e Ricardo não querem ser só mais um casal trabalhador de empresas que tem filhos para criar, mas eles querem acontecer no mundo à sua própria maneira, focando no sucesso profissional, nas conquistas pessoais para, então, estabelecer uma família. Que é o certo, gente, o Brasil, principalmente, tem muito de fazer as pessoas pensarem que estabilidade é apenas um casamento ou um emprego que você vai odiar o resto da vida, mas que vai te manter, e não é! Claro que a gente pode passar por esses empregos sim no percurso, mas sem nunca perder o foco naquilo que queremos alcançar.
Partindo para a escrita da história, Entre Notas é narrada em terceira pessoa com uma introdução no prólogo narrada em primeira pelo personagem principal, Ricardo. O estilo narrativo pode ser considerado contemporâneo por ser uma linguagem parcialmente coloquial que nos dá a entender que é o próprio personagem que está falando de si em terceira pessoa e isso pode ser, ao mesmo tempo, uma boa aposta e um jogo perigoso, pois, "coloquializar" demais a narrativa pode dar a ideia de um texto pobre mesmo em primeira pessoa. Isso acontece mais ou menos já no prólogo de Entre Notas em que a terceira e a primeira pessoa se mesclam na narração de uma forma confusa, não permitindo ao leitor saber quando é qual.
Entenda, usar um narrador personagem e usar uma narração em terceira voz são coisas distintas. Veja, por exemplo, o livro O Nome do Vento que é narrado pelo próprio personagem enquanto oscila com a terceira pessoa em alguns "entremezzos" do livro que são os capítulos focados no tempo presente. Isso é muito válido para o estilo que o autor adotou e para o leitor fazer essa divisão, contudo, Entre Notas peca ao desenvolver esse prólogo que mistura os dois de maneira meio errônea fazendo o leitor ter a impressão de que a autora não se decidiu sobre que tempo usar. Por exemplo:
Entendem o que digo? Mesmo que se saiba que é o próprio Ricardo que está contando a história, essa dualidade pode causar confusões ao longo da narrativa e, até mesmo, mostrar inabilidade por parte da autora no uso dos discursos narrativos. Mas novamente essa é a minha opinião como leitora e autora.Foi aí que ele a viu.Ela tinha o cabelo enrolado e parecia até um pouco embolado; a minha memória não me falha, aquela pele clarinha estava vermelha pelo sol. Era muito magra, tinha os olhos fundos e olheiras muito fortes, não era lá muito bonita, embora tivesse o rosto fino. Ricardo conseguiu reparar.
A ideia de abrir os capítulos com letras de música também me lembrou Métrica, que utiliza o mesmo recurso, e combinou muito com o que a história se propõe. Felizmente, o equívoco do prólogo não se estende ao primeiro capítulo que se mostra muito bem escrito com uma necessidade bem básica de correção, a história flui muito bem com narrações intercaladas pelos eventos de cada personagem que são usadas também na série Instrumentos Mortais, algo muito pertinente para o desenvolvimento da história.
O romance, baseado nos sonhos de seus protagonistas, pode ser um forte motivador para muitos escritores ou simplesmente pessoas com sonhos considerados por muitos como impossíveis. Seu amor e determinação também pode romper os limites de seu pessimismo? Confira a jornada desses dois adolescentes e se apaixone junto a eles a cada linha e a cada capítulo.