quinta-feira, 28 de junho de 2018

[Fanfic] Jardim dos Suicidas - Análise do 1º Capítulo

Autor: ThaisFernandes0910
Status: Em andamento
Capítulos: 07
Gênero: Mistério, Assassinato, ação

Sinopse: Um suicídio dentro do Jardim do Éden, o parque botânico de uma evitada comunidade aos arredores de Nova Orleans, é o necessário para que a nuvem negra que sobrevoava a cidade se dissipasse, porém não o suficiente para erradicar sua má fama. O garoto encontrado enforcado no bosque é o manipulador e extremamente popular Elijah Bishop, herdeiro de um império de vinhos e portador dos segredos mais nefastos da sociedade local. 
 Entretanto, enquanto deveriam estar escolhendo suas roupas luxuosas para a formatura e resolvendo suas questões nem um pouco louváveis, Yannick, Violet, Vince, Hannah e Mike têm que lidar com o fato de que o sangue de um Bishop está cravado em suas unhas.
 Quando o que parecia ser um caso isolado a ser jogado para debaixo do tapete se torna uma onda de suicídios incontrolável, celulares  são confiscados, palestras motivacionais são feitas e a palavra "assassinato" sendo sussurrada pelas ruas fazem a cidade virar de cabeça para baixo.
Correndo o risco de serem apontados como suspeitos, trocarem as grifes pelo uniforme penitenciário ou linchados pelos próprios vizinhos, os cinco adolescentes iniciam uma investigação independente cheia de mentiras e trapaças.
 Narrado por um rei sedento por poder tentando se acostumar com o mundo dos mortos, Jardim dos Suicidas pode lhe fazer descobrir como levar os culpados ao inferno. Menos você, é claro.

Eu deixei essa história por último porque sabia que provavelmente teria algum problema com ela, nem tanto pela escrita, mas pelo tema (embora eu vá ler uma pra resenhar em breve com um tema parecido). Nas tags que a autora usou para classificar a história eu vi "heresia", particularmente tenho sim a crença de que literatura é algo além de qualquer espécie de dogma, contudo, o leitor seleciona aquilo que lhe apetece ler, de modo pessoal, não gosto de ler ou ouvir coisas que ferem a minha crença porque acho que a crença de todo mundo, independente de qual seja, deve sim ser respeitada por todo o tipo de arte e comunicação. 

Bem, Jardim dos Suicidas apresenta já no primeiro capítulo um grupo de amigos em um lugar chamado Jardim do Éden ou Novo Éden com um cadáver enquanto debatem sobre o que fazer com ele, aparentemente a vítima, Elijah Bishop, morreu no meio de um trote e mesmo em meio a situação nenhum dos garotos parece muito preocupado com o resultado de seus atos. A narração é feita em segunda pessoa por assim dizer, como se o narrador estivesse conversando com você intimamente para contar seus podres mais sórdidos porque é exatamente essa a sensação que você tem durante a leitura desse capítulo.

O livro traz algumas reflexões a respeito das relações interpessoais e da morte, muitas das hipocrisias que rondam a morte. É cheio de um humor negro que algumas pessoas podem não entender e outras podem não gostar, então não posso dizer que é um livro para todo mundo. É uma história muito bem escrita, alguns errinhos básicos que sempre escapam da gente, mas de um modo geral é impecável, apesar de tratar de um tema pesado e de a história em si ter aquele clima sombrio com personagens tipicamente rebeldes e frios, palavrões e drogas, ela sabe bem usar as palavras ao seu favor, ponto para a autora!

Não há muito o que dizer, a capa é bem enigmática, como não li a história inteira (e tampouco ela está completa) não dá para dizer se condiz, mas é bem feita. A sinopse está igualmente bem construída, não vi nada que precisasse de ressalvas mais rígidas, a autora parece estar muito atenta e zelosa com seu trabalho, este é o primeiro livro de uma série que envolve tabus da sociedade desejo boa sorte a autora e caso a temática te interesse e você seja maior de idade (não recomendo de forma alguma a leitura para menores) está aí uma boa aposta de leitura, não apenas para descobrir o que parece ser um bom thriller (embora não acredite que ela vá seguir por esse caminho) como para estudar a composição de um bom livro.

quarta-feira, 27 de junho de 2018

[Escrita] Gêneros Literários II - Narrativo


Então, continuando  a falar sobre os gêneros literários, hoje a gente vai conhecer um pouco mais sobre o gênero narrativo, antes chamado de gênero épico, e alguns gêneros textuais que fazem parte deste e utilizamos mais no nosso cotidiano de fanfiqueiros!

A nomenclatura gênero épico tem sofrido alterações ao longo dos anos. Atualmente, privilegia-se a substituição da nomenclatura gênero épico para gênero narrativo, considerada mais atual. A narrativa literária costuma-se apresentar em forma de prosa, mas pode ser também em versos (epopeia, romanceiros). No século XX, a partir do estruturalismo, surge uma espécie de teoria semiótica da narrativa (ou narratologia) que propõe-se estudar a narratividade em geral (romances, contos, filmes, espetáculos, mitos, anedotas, canções, músicas, vídeos). Encabeçados por Roland Barthes, estes estudos pretendem encontrar uma "gramática" da narrativa, mais ou menos como Saussure encontrara para a fala. É a partir daí que surgem as fichas de leitura e os estudos sobre o narrador, os actantes, as estratégias narrativas de determinada escola, entre outros.

Roland Barthes, mestre no estudo da narrativa, disse:

"A narrativa está presente em todos os tempos, em todos os lugares, em todas as sociedades, começa com a própria história da humanidade. (...) é fruto do génio do narrador ou possui em comum com outras narrativas uma estrutura acessível à análise".
Esse é provavelmente o gênero literário mais usado principalmente no nosso meio. Neste gênero, é feita a narração de uma história através de uma sequência de várias ações reais ou imaginárias. Essa sucessão de acontecimentos é contada por um narrador e está estruturada em introdução, desenvolvimento e conclusão. Ao longo dessa estrutura narrativa são apresentados os principais elementos da narração: espaço, tempo, personagem, enredo e narrador.

Características do gênero narrativo

  • É escrito maioritariamente em prosa;
  • A ação é contada por um narrador;
  • Ocorre a narração de uma sucessão de acontecimentos reais ou imaginários;
  • Apresenta a estrutura básica de introdução, desenvolvimento e conclusão;
  • A ação se desenrola num tempo e num espaço;
  • Pode ser utilizado um discurso direto, indireto ou indireto livre.
Dentre os subgêneros deste gênero literários, três são os mais utilizados por nós autores: o romance, a novela e o conto:
Pretendo fazer uma postagem sobre cada um deles porque acho importante conhecermos bem o que os difere e, sobretudo, suas principais características para, assim, podermos classificar corretamente nossas criações.


Subgêneros do gênero narrativo

Romance: Narrativa em prosa, extensa e complexa, sobre personagens fictícias que vivenciam acontecimentos imaginários num determinado espaço e tempo. Além de relatar aventuras, os romances habitualmente traçam perfis psicológicos de personagens, caracterizam uma época e criticam costumes sociais.

Novela: Narrativa em prosa mais breve do que o romance e mais extensa do que o conto. Normalmente, apresenta o desenvolvimento sequencial de vários enredos interligados, sendo uma narração dinâmica.

Conto: Narrativa em prosa mais breve do que o romance e a novela, cujo enredo é intenso e rápido, ocorrendo uma ou poucas ações, vivenciadas num curto espaço de tempo por poucas personagens, que são superficialmente caracterizadas.

Epopeia ou poesia épica: Narrativa em verso, extensa e complexa, sobre atos heroicos de uma personagem ou conjunto de personagens em acontecimentos extraordinários, dignos de serem imortalizados.

Fábula: Narrativa em verso ou em prosa sobre personagens e fatos fantásticos. Apresenta duas características marcantes: ser protagonizada principalmente por animais e ter como finalidade transmitir uma lição de moral, possuindo um cunho educativo.

Crônica: Narrativa em prosa, sucinta e informal, que aborda temas simples e cotidianos. Faz uma crítica a acontecimentos do dia a dia, recorrendo ao humor. Tem como objetivo analisar e criticar a realidade social, política ou cultural. Dos textos literários é o que mais se aproxima do texto jornalístico.

Ensaio: Narrativa breve e impessoal, em prosa, cuja finalidade é apresentar ideias, críticas, reflexões e pontos de vista sobre um assunto. Possui um cunho didático.


Estrutura da narração

Ação:
  • Intriga: Ação considerada como um conjunto de acontecimentos que se sucedem, segundo um princípio de causalidade, com vista a um desenlace. A intriga é uma ação fechada.
  • Ação principal: Integra o conjunto de sequências narrativas que detêm maior importância ou relevo.
  • Ação secundária: A sua importância define-se em relação à principal, de que depende, por vezes; relata acontecimentos de menor relevo.
A narração consiste em arranjar uma sequência de fatos na qual os personagens se movimentam num determinado espaço à medida que o tempo passa.

Sequência

A ação é constituída por um número variável de sequências (segmentos narrativos com princípio, meio e fim), que podem aparecer articuladas dos seguintes modos:

  • encadeamento ou organização por ordem cronológica
  • encaixe, em que uma ação é introduzida numa outra que estava a ser narrada e que depois se retoma
  • alternância, em que várias histórias ou sequências vão sendo narradas alternadamente pela forma que foi escrito. Esse eu lirico deve ser mais abrangente de forma que o leitor se familiarize com a leitura.
A ação pode dividir-se em:
  1. introdução ― é o momento do texto em que o narrador apresenta as personagens, o cenário, o tempo, etc. Nesse momento ele situa o leitor nos acontecimentos (fatos).
  2. desenvolvimento ― é nesse momento que se inicia o conflito (a oposição entre duas forças ou dois personagens). A paz inicial é quebrada através do conflito para que a ação, através dos fatos, se desenvolva.
  3. clímax ― momento de maior intensidade dramática da narrativa. É nesse momento que o conflito fica insustentável, algo tem de ser feito para que a situação se resolva.
  4. desfecho ― é como os fatos (situação) se resolvem no final da narrativa. Pode ou não apresentar a resolução do conflito.
Tempo

  • Tempo cronológico ou tempo da história - é o tempo em que a ação acontece.
  • Tempo histórico - refere-se à época ou momento histórico em que a ação se desenrola.
  • Tempo psicológico - é um tempo subjetivo, vivido ou sentido pela personagem, que flui em consonância com o seu estado de espírito.
  • Tempo do discurso - resulta do tratamento ou elaboração do tempo da história pelo narrador. Este pode escolher narrar os acontecimentos:
  • por ordem linear e neste caso poderá falar-se numa isocronia;
  • com alteração da ordem temporal (anisocronia), recorrendo à analepse (recuo a acontecimentos passados) ou à prolepse (antecipação de acontecimentos futuros); Ex: acontecimento 3-1-5-2 etc...
  • a um ritmo temporal (medido pela relação entre a duração da história, medida em minutos, horas, dias, ect... e a duração do discurso medida em linha e páginas) igual ou semelhante, estamos de novo perante uma isocronia;
  • a um ritmo temporal diferente (anisocronia), neste caso o narrador pode servir- se elipses (omissão de acontecimentos), pausas (o tempo da história para para dar lugar a descrições, por exemplo) e de resumos ou sumários (resumo de acontecimentos pouco relevantes ou preparação para eventos importantes).
Personagens:

  • Protagonista, personagem principal ou herói: desempenha um papel central, a sua atuação é fundamental para o desenvolvimento da ação.
  • Antagonista: Que atua em sentido oposto; opositor; adversário. Personagem que é contra alguém ou algo.
  • Coadjuvante: assume um papel de menor relevo que o protagonista, sendo ainda importante para o desenrolar da ação.
  • Figurante: tem um papel irrelevante no desenrolar da ação, cabendo-lhe, no entanto, o papel de ilustrar um ambiente ou um espaço social de que é representante.
Espaço ou ambiente:
  • Espaço ou Ambiente físico: é o espaço real, que serve de cenário à ação, onde as personagens se movem.
  • Espaço ou Ambiente social: é constituído pelo ambiente social, representando, por excelência, pelas personagens figurantes.
  • Espaço ou Ambiente psicológico: espaço interior da personagem, abarcando as suas vivências, os seus pensamentos e sentimentos.
O espaço ou ambiente pode ser desde uma praia a um lago congelado. De acordo com espaço ou ambiente é que os fatos da narração se desenrolam.

É isso, gente! Na semana que vem, provavelmente, volto com o último gênero literário para vocês, espero que esteja sendo útil, é muito importante conhecer os gêneros literários para poder fazer hibridismos, classificar nossas histórias com segurança e, sobretudo, saber como estruturá-las ou que regras desobedecer para criar um gênero novo. Grande abraço e até a próxima!

Referências:

Norma Culta: https://www.normaculta.com.br/genero-epico-ou-narrativo/
Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Modo_narrativo

[Fanfic] Anjo Noturno - Análise de Primeiro Capítulo

Autor: editorapytera
Gênero: Fantasia, super herois
Status: Em andamento
Capítulos: 05
Plataforma: Wattpad

Sinopse: Miguel, um jovem de 16 anos, entrou em contato com um misterioso cristal roxo que faz com que um gene escondido em seu DNA fosse despertado, lhe dando habilidades além da capacidade humana. A energia deste cristal também afetou outros seres humanos que compartilhavam desse gene escondido, então pessoas com super-habilidades e mal intencionadas acabam surgindo pela sua cidade e o rapaz adota o nome de "Anjo Noturno" ao decidir tomar para si a responsabilidade de manter essas ameaças controladas.

Um dos afetados pela energia do cristal é um líder religioso que desenvolveu poderes de telecinesia e controle da mente, acredita que esse dom foi lhe presenteado por Deus para fazer com que o povo seguisse as leis divinas.

Olá, gente!

Continuando com as análises de primeiro capítulo, temos hoje Anjo Noturno, da Editora Pytera que, pelo que entendi, é uma editora no wattpad que publica autores online, como funciona não perguntem. Esse livro é do JP Ritter e parece o primeiro de uma série. A capa dá a impressão ser aqueles mangás de ficção científica e fantasia, mas mesmo que a sinopse reafirme um pouco dessa teoria, sabemos que não é um mangá. Achei interessante o plot, me lembrou de Charlotte o anime (porque não li o mangá), mas essa última parte aí pode acabar sendo meio perigosa conforme o autor desenvolve um arco que envolve um tema sensível que é uma religião específica (e não digo isso por ser a minha) isso pode acabar gerando alguma confusão dependendo da forma como ele aborde isso. Mas não é no que eu vou focar, então, vamos para o primeiro capítulo.

Pelo que deu pra entender, é um livro de fato, foi revisado por uma pessoa e tem toda uma equipe por tás do material, ainda assim, logo na introdução, achei algumas repetições que poderiam ser evitadas e um aposto sem virgula final (mas só avisando isso, mesmo, eu sou horrível com vírgula também!). A história é narrada em terceira pessoa por um narrador onisciente e, dá a entender, onipresente também é como se a narração dele imitasse aqueles contadores de história ou narradores de anime, por exemplo uma parte que ele diz "Alguns alunos riram baixinho enquanto nosso protagonista se ajeitava em sua classe" é minha opinião pessoal dizer que não curti, mas há quem goste. Sei lá, para mim é um tipo de estilo incomum que parece forçado ou coisa assim, não digo nem que está errado, é estilo, só acho que não combina, entendem? Mas é minha opinião.

A história, pelo que percebi, é como uma mistura de Charlotte com Guardiões da Galáxia. Uma nave de guardiães do espaço que carregava uma carga de cristais e uma maleta para seu planeta é atacada por outra nave, uma pirata, no embate eles acabam sendo atingidos criticamente e explodem, um dos cristais e a maleta escapam da explosão e vem em direção à terra. Enquanto isso, Miguel, um jovem gaúcho, está na terra preocupado com a situação financeira da sua família e ansioso para a chuva de meteoros que terá logo mais a noite, ele irá assistir junto com seus amigos Daniela e Leandro. Em alguns momentos há aqueles conflitos com os verbos no passado e no presente, mas nada que atrapalhe a leitura, é um livro bem escrito sim, mas a maneira usada pelo autor para a narração, por alguma razão, me pareceu estranha, acho que ficou muito coloquial ou algo assim, foi cisma minha mesmo, também me incomodou o modo como ele se referia à Leandro, sempre como "o japonês", como se isso fosse uma marca ou coisa do tipo. 

E é isso, não há muitas ressalvas a fazer em relação ao livro, apesar dessas poucas pendências é sim bem escrito, o enredo não me atrai muito não porque mesmo que goste de fantasia, não é o tipo de livro que eu leio, ainda assim parece ser bem construído, pelo menos dá essa impressão no prólogo e no primeiro capítulo. Parabéns e sorte ao autor!

segunda-feira, 25 de junho de 2018

[Fanfic] A Garota das Estações - Análise de 1º Capítulo

Autor: Anthony T. Rodriguez
Hospedagem: Wattpad
Status: Em andamento
Capítulos: 40 (até o momento)

Sinopse: Eliza percebeu que o destino separa sua vida amorosa em estações do ano, fazendo-a receber, a cada estação, uma paixão diferente que acaba não dando muito certo. Por esse motivo ela resolveu criar um blog contando suas experiências e reviravoltas a cada estação.

O que ela não sabe é que o pretendente amoroso desse Outono, mesmo demorando encontrá-la inesperadamente, irá mexer com seus pensamentos, a levando se aprofundar em desejos e prazeres jamais sentidos antes, mundando assim seu destino dalí por diante.

Eliza percebe que está amando profundamente e não sabe se o destino lhe irá pregar mais uma peça como sempre. O Outono está acabando... será que Apolo é o cara que dará um fim nas peças do destino de Eliza?

Como falei antes para vocês, o Hadou anda meio apertado por causa do trabalho, então para o blog não ficar muito tempo sem análises, pedi a lista de histórias que ele está lendo e vou escrever os pareceres antes da resenha. Nesse caso, aqui só vão constar os pareceres... "técnicos", por assim dizer, da história, a resenha delas vocês vão conferir quando ele postar os vídeos, por isso mais uma vez paciência.

A Garota das Estações é um romance escrito em primeira pessoa por Anthony T. Rodriguez, a capa que ele usou na primeira parte do livro (essa aí em cima) achei mais bonita que a que ele usou como capa do livro de fato. E a capa da segunda parte, o inverno, é ainda mais bonita que essa. Ainda assim, a capa é boa, inclusive me lembra aqueles romances Julia que eu lia na escola. A sinopse está muito bem construída, parabéns por isso, mas precisa ser revisada.

 A primeira ressalva que quero fazer aqui em relação ao enredo é em relação à revisão, precisa dar aquela olhadinha no capítulo antes de postar, parça, eu achei muito erro de digitação ali que pode afugentar leitores mais exigentes e confundir os menos experientes. Vou dizer que é difícil demais escrever histórias em primeira pessoa, digo isso porque é meu estilo de narração favorito, gosto da intimidade que o personagem traz com esse modo de narrativa, mas isso torna o trabalho mais complicado uma vez que mostrar a identidade da personagem por meio da escrita e nem sempre a gente acerta na primeira tentativa.

No caso da Elizabeth, na primeira parte do capítulo, esse trabalho ficou pela metade. Pelo menos foi a sensação que tive. Realmente ela tem alguma personalidade, mas o autor não soube dar muita segurança a isso durante a primeira parte do capítulo de modo que, em alguns momentos, ela soou contraditória. Muita coisa no ponto de vista dela me identifico, outras não, mas mesmo esse fato não foi suficiente para gerar aquela simpatia inicial com a personagem. Já comentei isso em algum post da TAG escrita, conquiste o leitor nas primeiras linhas se quiser mantê-lo nas primeiras páginas, isso é difícil de fazer, mas não é impossível.

A estrutura da narração também está bem desleixada, vai um exemplo:

A gente começa com a ação de personagem, a descrição de cenário, a falta do travessão, a colocação dos verbos e a própria identidade da personagem, vamos começar reescrevendo esse trecho da história:

Usava um vestido longo e verde, tinha um ombro só e era coberto de paetês que brilhavam nas luzes caleidoscópicas da passarela, um pé diante do outro com aquele salto agulha de sete centímetros, caminhei decidida sob os murmúrios de admiração da elite da alta costura, sorrio quando me viro para os flashes que vêm por todos os lados, aplausos altos soam mesclando-se com a música alta, é quando o som estridente do sinal soa pelos corredores e me desperta dos meus devaneios de me tornar uma famosa modelo profissional e da aula que não estava prestando atenção que sou tragada de volta para a realidade.

Os alunos começam a sair e permaneço por um tempo ainda parada na minha carteira deixando a memória do sonho espalhar-se pelo meu corpo até evanescer. Coloco os fones de ouvido e dou o play em uma música aleatória da playlist que estava ouvindo enquanto arrumo minhas coisas, aquela aula perdida certamente fará diferença nas avaliações.

Break the Rules da Charli XCX explode em meus ouvidos enquanto alcanço o corredor com um trânsito agitado de alunos que pulam e gritam comemorando o fim da faculdade, por dentro também comemoro, é um alívio indizível para mim, ainda que o demonstre de maneira bem mais discreta. Avisto Shailene no fim do corredor e aceno para ela, saímos juntas enquanto rimos dos alunos frenéticos.

— Abriu uma loja de roupas aqui perto, quer dar uma olhada? — Convida ela enquanto checa as mensagens do celular.
— Ahn... — Penso um pouco. — Tudo bem. 

Dou de ombros, a loja fica perto da faculdade, lembro de tê-la visto semanas antes da inauguração...

Logicamente é só um exemplo, mas percebam primeiro o primeiro parágrafo, a diferença que faz o "mostrar" e não apenas "dizer", a estrutura do enredo mais sólida, a voz da personagem mais consistente e o diálogo melhor estruturado. Pessoas, repito, escrever é mais que inspiração, precisa estudar, precisa ler muito, não dá para fugir disso. Tem alguns problemas com os verbos, por exemplo nas últimas linhas da primeira parte quando ele escreve "nunca rir quão rir hoje na loja de roupas" quando na verdade deveria ter escrito "nunca ri tanto quanto ri hoje na loja de roupas" ou o verbo sugerir no começo da segunda parte que ele escreveu sugero ao invés de sugiro, com a pontuação, a narração está muito seca, muito vaga, os dois primeiros problemas dá para ver na revisão antes de postar, se não pode revisar, vai atrás de um beta. Já esse último, é preciso estudar mais, ler mais.

 A dinâmica de acontecimentos também está meio fora de contexto, em um minuto estão assistindo televisão no outro a personagem diz "foco no trabalho" e vai pro computador. Não dá a impressão de linearidade quando isso acontece na cena. Há diálogos desnecessários que poderiam ser colocados na narração da personagem como lembrança/tema. Tem algumas redundâncias também que podem ser revistas na revisão. A impressão que dá é daquelas histórias bem simplistas que o autor só vai escrevendo aleatoriamente, sabe? A construção de personagem precisa melhorar e a estrutura da história também. Elizabeth é uma personagem interessante, mas precisa ser melhor desenvolvida, precisa de mais personalidade exposta no modo como ela conta sua história, terminei seu capítulo sem saber quem ela é ou o que esperar dela, porque ela me deu muitas informações e nenhuma identidade.

A Garota das Estações é uma ideia que tem muito potencial, se o autor souber fazer um trabalho mais atento com ela, tenho certeza que vai longe. E é isso por enquanto, pessoas! Vejo vocês na próxima análise.

domingo, 24 de junho de 2018

[Livro] Em Algum Lugar nas Estrelas - Clare Vanderpool

Título Original: Navigating Early
País: EUA
Autora: Clare Vanderpool
Gêneros: Ficção, Ficção de aventura
Páginas: 288

Sinopse: Em Algum Lugar nas Estrelas é um romance intenso sobre a difícil arte de crescer em um mundo que nem sempre parece satisfeito com a nossa presença. Pelo menos é desse jeito que as coisas têm acontecido para Jack Baker. A Segunda Guerra Mundial estava no fim, mas ele não tinha motivos para comemorar. Sua mãe morreu e seu pai... bem, seu pai nunca demonstrou se preocupar muito com o filho. Jack é então levado para um internato no Maine (o mesmo estado onde vivem Stephen King e boa parte de seus personagens). O colégio militar, o oceano que ele nunca tinha visto, a indiferença dos outros alunos: tudo aquilo faz Jack se sentir pequeno. Até ele conhecer o enigmático Early Auden. Early, um nome que poderia ser traduzido como precoce, é uma descrição muito adequada para um prodígio como ele, que decifra casas decimais do número Pi como se lesse uma odisseia. Mas, por trás de sua genialidade, há uma enorme dificuldade de se relacionar com o mundo e de lidar com seus sentimentos e com as pessoas ao seu redor. Quando chegam as festas de fim de ano, a escola fica vazia. Todos os alunos voltam para casa, para celebrar com suas famílias. Todos, menos Jack e Early. Os dois aproveitam a solidão involuntária e partem em uma jornada ao encontro do lendário Urso Apalache. Nessa grande aventura, vão encontrar piratas, seres fantásticos e até, quem sabe, uma maneira de trazer os mortos de volta – ainda que talvez do que Jack mais precise seja aprender a deixá-los em paz.

Peguei esse liro emprestado de uma amiga, fiquei curiosa a respeito dele e quando a Beatriz Paludetto o indicou fiquei ainda mais curiosa para ler, não me arrependi nem um pouco, a história é tão cativante e fofa que você se vê preso a ela até mesmo quando não está lendo. A história acompanha Jack Baker, um garoto que perdeu a mãe para um aneurisma e se viu sozinho com um pai militar que lhe era praticamente um desconhecido. Ele é levado para um colégio interno e sente como se o mundo estivesse conspirando para seu desaparecimento uma vez que insiste em mostrar que ele é um peso inútil sobre a terra, e é exatamente aí que ele conhece Early Auden.

Aquele menino estranho chama a atenção de Jack de uma maneira quase irresistível, Early parece viver em um mundo só seu, um mundo que não admite convidados e, mesmo assim, Jack sente-se curioso a respeito do mundo em que o menino que não assiste quase nenhuma aula vive. Enquanto tenta se acostumar com a escola e se enturmar com as outras crianças - sem muito sucesso - Jack acaba sendo colocado no caminho do peculiar Early e descobre um pouco da sua cabeça extraordinária que não aceita, sob nenhuma hipótese, a finitude do número pi. Para Early, pi é o personagem de uma história fantástica que, na jornada para conquistar seu nome, acabou se perdendo bem no momento que os números parecem tender a sumir segundo um renomado matemático que atesta a teoria de que o número é, portanto, finito.

Mesmo achando que Early está inventando aquilo tudo, Jack não consegue deixar de se fascinar pela genialidade do garoto em ler uma história nos intermináveis algarismos de pi e, sobretudo, em saber tantas coisas sobre praticamente tudo. Os dois se aproximam, mas, cegado pela sua visão nublada do mundo, Jack acaba tratando Early com certo descaso e o magoa, ainda assim é salvo pelo garoto bem a tempo de perceber que agira como um tolo. A coisa é que, assim como Pi, Jack também estava perdido e é o que torna Em Algum Lugar nas Estrelas um livro fascinante, a história lida pelo garotinho autista nos números de pi se encaixam com perfeição como uma metáfora para ele mesmo e para Jack.

Quando seu pai "fura" com ele nas férias, Jack decide acompanhar Early em uma aventura na busca por Fisher, seu irmão e é quando o garoto percebe que a história de Pi é uma metáfora para o desaparecimento do irmão do garotinho que, foi-lhe dito, morrera como heroi de guerra. Mesmo sabendo o resultado frustrante, não havia como argumentar com Early, tampouco Jack queria passar as férias inteiras sozinho na escola. Assim, a bordo do maine, os dois partem numa aventura que, aos poucos, mostra-se muito similar à história de Pi e seus intermináveis números.

Em Algum Lugar nas Estrelas é um livro sobre perda, sobre encontrar coragem em si mesmo e sobre amadurecimento. Talvez o fato de duas crianças passando por toda essa odisseia de acontecimentos torne tudo um pouco mais sensível, ainda assim é impossível não se colocar no lugar deles, seus modos de pensar e de encarar as provações impostas pela vida. O fato de Early ser autista torna tudo ainda mais fascinante, é o primeiro livro que leio com um personagem que tem essa condição e gostei muito da maneira como ele foi retratado - tirando a parte de ser chamado de estranho, mas como a própria autora explicou, na época em que a história se passa o conhecimento sobre o autismo ainda não era acessível - a maneira como ela mesclou a história de Pi contada por Early ao enredo principal, transformando a jornada do número em uma metáfora que se encaixava na perda do menino e, ao mesmo tempo, servia como uma lição para Jack, foi simplesmente magistral.

É muito difícil entender como é a mente fantástica de um autista, o fato de Early ver uma história, cores e texturas em uma cadeia de números para mim foi ainda mais incrível (principalmente porque a única reação que tenho a muitos números juntos é desespero!), as particularidades do autismo ficaram implícitas nas atitudes do garoto de uma maneira muito clara e sem precisar de nenhuma nomenclatura para distingui-lo, amei ainda mais esse toque lógico digno de Sherlock Holmes que ela aplicou em Early, capaz de fazê-lo compreender a lógica de coisas que, para pessoas como nós, pareciam completamente inexplicáveis a primeira vista. O modo como as histórias se fecham também foi maravilhoso, me peguei dando risadas, sorrindo como boba e angustiada em diversos momentos. Com certeza recomendo fortemente a leitura!


Camp Nanowrimo 2018: Preparem vossas canetas, pois são convocados!


Estamos a um passo de Julho e, com ele, começa o Cam Nanowrimo! Sei que o Hadou já falou sobre o Nanowrimo com vocês no vlog, então presumo que todos conheçam o maior evento de escritores do mundo, um desafio mensal que ocorre no mês de novembro e que tem o objetivo de criar disciplina no escritor e estimular sua criatividade, a meta é escrever 50.000 palavras em trinta dias.

Bem, o Camp Nanowrimo, poder-se-ia dizer, é um aquecimento para o evento de novembro. Ao contrário do nano propriamente dito, ele é mais flexível uma vez que é você que estipula o número de palavras que vai escrever no mês e, desse modo, tenta alcançar essa meta. 

O mais bacana nesses eventos é poder desengavetar aquele projeto que você deixou de lado, dar um gás no projeto que você já está escrevendo ou finalmente iniciar aquele projeto que você estava adiando ha um tempão. Sem contar que é uma excelente forma de colocar em prática o que aprendemos até agora na tag escrita e exercitar a disciplina necessária de escrever todos os dias.

Para participar, é a mesma coisa que acontece no Nano de novembro, entre no site do Camp. Nanowrimo e coloque o mesmo login que você usa no site do Nano de novembro, anuncie sua história, coloque uma capinha lá e diga quantas palavras você quer para sua meta desse ano. Sei que para alguns o site estar em inglês dificulta um pouco, por isso vou printar o passo a passo pra ajudar aqueles que se perderem por essa razão.


Como já anunciei minha novela, não tive como mostrar como fazer então peguei um exemplo de 2017 porque o formulário é praticamente o mesmo. Quando vocês entrarem na sua conta vai aparecer lá em cima vários links e um deles, o primeiro é Create Your Novel This Year ou algo assim, você clica lá e vai ser direcionado para essa página aí em cima.

Esse ano vai ser a primeira vez que vou participar do Camp, já tem alguns aninhos que participo do evento de novembro, mas do de julho nunca participei antes, acho que vai ser uma experiência interessante esse ano. Defini minha meta para 25.000 palavras que é a metade do desafio de novembro, mas vocês podem definir o que fica mais confortável para vocês. Mesmo que não consigam atingir a meta, não desanimem, lembrem-se que o objetivo é criar disciplina para escrever todos os dias, não importa se é uma lauda ou um parágrafo.

Então, desde já indico a todo mundo que participe do desafio desse ano, tanto o de Julho quanto o de Novembro. Se nunca participou antes, vem agora e, se já participou, vamos de novo! Meu user lá é Katherine Wheel, me adicionem. Apesar de viajar no dia 1º de julho, vou tentar bater minha meta diária.

Estou esperando o Hadou fazer uma nova resenha para poder trazer para cá, ele está um pouco ocupado, gente, então sejam pacientes, ta bom? Vejo vocês no próximo post!

sexta-feira, 22 de junho de 2018

[Escrita] Gêneros Literários I - Lírico


Oi, gente!

Primeiramente me desculpem a ausência. Final de período é uma loucura total eu sempre fico sobrecarregada com trabalhos para fazer e esse mês peguei alguns de um sétimo período que me deram uma dor de cabeça sem precendentes! Além disso, comecei um curso de Teoria Literária muito interessante, mais pra frente vou recomendá-lo a vocês, no momento acredito que seja um pouco inviável (tendo em vista as histórias que analisamos até agora).

Eu vou dar uma resumida para vocês nos gêneros literários. No último post que fiz, sobre os fundamentos da escrita criativa, um dos pontos se tratava de conhecer os gêneros literários. Muita gente confunde gênero literário com gênero textual e não são a mesma coisa, os gêneros textuais estão inseridos dentro dos gêneros literários, mas ambos são conceitos distintos. Basicamente há três gêneros literários vou falar brevemente sobre cada um deles em postagens separadas. Mas antes de começar, vamos conceituar gênero literário:
Gêneros literários são divisões feitas em obras literárias de acordo com características formais comuns, agrupando-as segundo critérios estruturais, contextuais e semânticos, entre outros.
 A divisão clássica remonta à Grécia antiga e define três gêneros literários:


  • Gênero lírico;
  • Gênero épico;
  • Gênero dramático.

Esta classificação de gêneros literários sofreu algumas alterações ao longo dos anos e, presentemente, privilegia-se a substituição do gênero épico pelo gênero narrativo, mais abrangente e atual, ficando, dessa forma, a seguinte divisão:


  • Gênero lírico;
  • Gênero narrativo;
  • Gênero dramático.
Dentro de um determinado gênero literário há o predomínio de uma estrutura típica, que não corresponde à estrutura de outro gênero literário, visto que cada um apresenta características próprias.


Comecemos, então, com o gênero lírico.

O gênero lírico se refere ao tipo de texto literário onde predomina a expressão de sentimentos e emoções subjetivas do sujeito lírico - o eu lírico. São maioritariamente escritos em verso, sendo textos breves por não apresentarem enredo, mas sim a exteriorização do mundo interior do eu lírico.

Essa transmissão dos sentimentos, emoções e divagações do sujeito lírico é feita na 1.ª pessoa, conferindo grande subjetividade ao texto. Recorre à função poética da linguagem, sendo frequente o uso do sentido conotativo das palavras e de figuras de linguagem, com o sentido de aumentar a expressividade da mensagem.

Características do gênero lírico

  1. É escrito em verso, na 1.ª pessoa do discurso - eu;
  2. Há a expressão de sentimentos e emoções;
  3. Ocorre a exteriorização de um mundo interior;
  4. Apresenta um caráter subjetivo;
  5. As palavras são usadas no seu sentido conotativo;
  6. Apresenta muitas figuras de linguagem.

Subgêneros do gênero lírico

Ode: Poema lírico de exaltação, entusiasmo e alegria.

Hino: Poema lírico de glorificação, homenagem e louvor a divindades e à pátria.

Elegia: Poema lírico melancólico sobre a morte e a tristeza.

Idílio: Poema lírico sobre a vida pastoril e bucólica.

Écloga: Poema lírico sobre a vida pastoril e bucólica, que recorre ao uso de diálogos.

Epitalâmio: Poema lírico para celebração do casamento, que homenageia os noivos e o vínculo conjugal.

Sátira: Poema lírico cujo objetivo é ridicularizar pessoas e situações, criticando e ironizando defeitos e vícios.

Estrutura formal dos textos líricos

Até ao fim da idade média, os poemas eram cantados, seguindo estruturas formais rígidas relativamente à métrica, rimas e estrofes. Assim, o gênero lírico sempre foi caracterizado por sua musicalidade, sendo de grande importância o ritmo da poesia.

Atualmente, contudo, a poesia moderna abandonou essa estrutura formal, centrando-se apenas na transmissão de emoções e na subjetividade.

[Fonte: https://www.normaculta.com.br/genero-lirico/]

sexta-feira, 8 de junho de 2018

[Escrita] Os Fundamentos da Escrita Criativa

Estava assistindo uma palestra do autor e professor criativa Tiago Novaes em que ele falava, entre outras coisas, sobre o que é, de fato, ser escritor, e ele passou esses cindo passos preciosos do processo de escrita criativa que é o que vim trazer para vocês hoje.

Mas antes gostaria de abrir um pequeno parêntese aqui, eu fui "convidada" por uma menina que conheci no meu blog a "analisar" alguns de seus textos, gente, eu não sou nenhuma professora de escrita criativa ou especialista em texto, nada disso. Eu sou uma aprendiz, eu não sei nem metade do que é necessário para escrever uma boa história, tudo que eu escrevo nessa coluna tanto no meu blog quanto aqui no Leitor Beta são meus estudos sobre o assunto, minha experiência pessoal com o processo o que eu acredito que é relevante para quem está começando agora no processo de criar uma história.

Vejam, quando eu comecei a escrever histórias, em 1997 (sim, pra vocês verem como faz tempo), não havia nada do que há hoje, eu não tinha acesso à internet, não tinha professores de escrita, não tinha ninguém que me guiasse no processo. Meus professores de português só ensinavam gramática, eles olhavam meus contos não pelo que eles eram, mas como eles eram escritos ortograficamente. Hoje em dia, apesar de o Brasil ainda ser muito fraco nessa questão, vocês tem a faca e o queijo na mão, galera! Há muito material ótimo de escrita criativa na internet, tudo que vocês precisam fazer é se dedicar a estudar. Eu digo isso porque eu passei por todo o "perrengue" de aprender as coisas na marra, de sofrer com as críticas cruéis de gente que só me colocava para baixo sem dizer onde eu precisava melhorar, o que eu precisava fazer, em que ponto eu tinha que estudar mais. Então, se você quer mesmo ser um bom contador de histórias, um romancista, um contista, um autor no sentido mais simbólico e literal da palavra, não coloque desculpas sobre não saber o que fazer ou por onde começar, está bem? Isso é hipocrisia.

Eu já disse aqui e repito: escrever não é um processo fácil. Criar uma boa história, personagens convincentes, um enredo bem estruturado, algo que realmente consiga prender um leitor é cada dia mais complicado, leva tempo e você precisa aprender a ser paciente para enfrentar a jornada, mas, sobretudo, corajoso o suficiente para enfrentar a batalha. Se você pode investir dinheiro nisso, investe, se não pode (como eu) então procura o que está disponível e tenta fazer o que melhor que tu podes com isso. Mas pare de continuar cometendo os mesmos erros por dizer que não tem quem te oriente a fazer o certo.

Dito isso, vamos aos cinco preciosos fundamentos da escrita criativa. Sério, anotem esses passos, eles são sua estrada de ouro para conseguir vencer a jornada do escritor.

1. Revisão

O primeiro é o princípio da revisão. Digamos que esse seja 70% do que um escritor faz. Sempre que você começa a revisar, o texto fica melhor. Por isso a primeira versão de um texto NUNCA é a definitiva. Não existe um escritor que não revisa, não existe como pular essa etapa de lapidação do texto, é preciso ser paciente e revisar quantas vezes forem necessárias e quando digo revisar não estou falando apenas de sair olhando os erros ortográficos do texto, revisar é muito mais que isso, é sair procurando o que está incoerente, o que pode ser mudado, o que precisa sair, o que se deve acrescer, etc. É um processo que melhora com a prática. E, repito, é fundamental.

2. Gêneros Literários

O segundo é o fundamento do conhecimento dos gêneros literários e não confundam com os gêneros textuais! Antes que um autor tenha a pretensão de criar hibridismos ou se aventurar por correlações, é preciso que se tenha uma noção do que significam cada um dos gêneros literários, as diferenças entre eles, suas características, a mecânica de linguagem que eles usam, etc. Entender os gêneros é uma forma de situar a si mesmo e a sua escrita no nosso tempo.

3. Fluência e Rigor

Quando deixamos o nosso texto "maturando" por assim dizer, durante a revisão nós o submetemos a todos os nossos lados (e sim, nós temos mais de um), o observamos sob todas as nossas óticas subjetivas, por isso, ao revisar, evite esses dois pensamentos:

  • "Isso está um lixo" "Não presta para nada" esse pensamento não vai te levar a nada, não te serve, principalmente se for fruto da sua autocrítica sem fundamento. 
  • "Está perfeito" "Maravilhoso" "Pronto" "Intocável", do mesmo jeito que o desânimo em excesso não é saída, o ego inflado menos ainda vai ajudar você a continuar. Acredite, eu conheço muita gente escrevendo como um estudante de segunda série que acha que é o próprio Stephen King. Não importa quão bom você ache que está seu texto, sempre há o que melhorar.
O processo de escrita está além desses dois pensamentos, não pode ser "8 ou 80" ache o equilíbrio entre a euforia e a autocrítica, entre a fluência e o rigor.

4. Estrutura Frasal

Esse fundamento meio que me derrubou da cadeira (risos), gente todo autor iniciante passa por isso. É preciso entender sim a estrutura de uma oração (lembra aquelas aulas de sintaxe que você cansou de prestar atenção? Pois bem, volte a revisar), sujeito, predicado, verbo, advérbio, adjetivo... Por quê? Porque isso vai ajudar a identificar como construímos orações e como podemos torná-las fluidas. 

Quer um exemplo bem claro? Abra o seu texto no programa que você usa para escrever e procure todos os adverbios terminados em "mente" no seu texto, exatamente, completamente, totalmente, extremamente... eu fiz isso com um texto antigo meu e me surpreendi, mesmo no meu livro atual apesar de a incidência não ter sido muito assustadora, foi um pouco preocupante. Isso é muito a cara de autores iniciantes, pessoas. Pode prestar atenção nos livros que você lê, há muito poucas ocorrências desse tipo de advérbio, quase nenhuma, porque a marca de um bom texto é você saber suprimir esses advérbios que cria um certo cacoete no seu texto. 

Outro exemplo é o uso dos adjetivos que também devem ser usados com equilíbrio, apesar de esta questão estar ligada com o estilo de escrita de cada autor é bom estar atento. E como a gente vê tudo isso? Adivinhem?! Sim, na revisão.

5. Contenção do Narrador

É importante que você esteja um pouco invisível no seu próprio texto, você já é o dono dele, o senhor, o autor. Por isso, deixe um espacinho para o leitor, ofereça lacunas, perguntas (não literalmente, claro) para que ele faça parte do processo, que ele interprete e co-crie a história junto com você. Um bom escritor é aquele que deixa espaço de criação para o leitor, por isso contenha o narrador dentro de você!

E é isso! Espero que tenham gostado e que esses fundamentos guiem seu caminho como autores a partir de agora. São dicas valiosíssimas que eu gostaria muito de ter tido quando comecei a criar minhas próprias histórias.
Grande abraço a todos vocês e até a próxima!

terça-feira, 5 de junho de 2018

[Escrita] Planejamento de Enredo II - Representação Simbólica de Relações

Olá, pessoal!

Antes de começar mais um post da tag escrita, gostaria de dizer que as análises de fanfic vão voltar ainda esse mês, o Hadou está se organizando por causa do trabalho, mas esse mês as análises vão voltar ao normal, então fiquem ligados e podem indicar suas fanfics na página do Leitor Beta no Facebook ou diretamente com o Hadou por inbox.

Dito isso, hoje a gente vai dar continuidade ao post anterior (que ficou bem grande, por sinal) e, seguindo a lógica de representação simbólica, vamos aprender como representar as relações do personagem principal com outros personagens e o uso de personagem transversal, uma ferramenta bem útil na implementação de plot twist que é a reviravolta da história.

No post passado nós vimos que a história de base é toda a linha cronológica de fatos que antecedem o início do livro e que são utilizados como forma de embasamento e construção do enredo presente na obra. É uma ferramenta importante da construção, pois é essa história de base que vai dar solidez ao enredo e densidade ao personagem. Vimos também os dados divisórios que são inícios ou fins de uma etapa/momento histórico na vida do personagem. Não ignorem esses passos gente, aquela representação simbólica faz toda a diferença na construção do seu livro, digo isso por própria experiência. Quando você cria uma história prévia para esse personagem, você evita que ele seja volúvel pelo seu humor ou inspiração na hora de escrever, conhecendo-o bem você será capaz de dar-lhe uma identidade fixa ao longo de toda a história mesmo com suas evoluções.

Outro elemento principal é a relação desse personagem com outros e com o mundo em que ele habita. Por isso, um elemento fundamental na história de base são os contextos. Eles mostram por onde esse personagem andou ao longo da vida e o que ele observou desse contexto, como ele se relacionou com esse contexto e se tornou aquilo que ele é no início do livro. Para representar as relações históricas do personagem com outros naquela mesma linha do tempo nós vamos montar meio que uma espécie de organograma, eu sugiro que façam isso numa folha de A4 que dá para ter um panorama maior e melhor.


Então, usando o mesmo personagem X do exemplo anterior, nós representamos aí a relação dele com a mãe, como ela morreu no parto, então a gente inicia a linha dela antes da linha do personagem X, marcando onde ela nasce, e finalizamos onde a vida do personagem se inicia, sinalizando a morte dela. Mas, essa mãe vai aparecer como assunto, ela vai ser citada, ao longo do livro em dois momentos, o primeiro aos 38 anos do personagem e o segundo aos 81 pouco antes de sua morte. Esse assunto pode ser em forma de lembrança, em um diálogo com outro personagem, através de um documento, etc.

Da mesma forma a gente vai representar a relação dele com o pai, do momento em que ela se inicia até o momento da sua morte no início do livro. E os aparecimentos dele como assunto ao longo da história narrada caso ele apareça. Assim como o início do aparecimento do amor do protagonista, iniciando-se quando eles se conhecem, e quando se inicia a relação até o final do livro ou até a etapa em que os dois ficam juntos. Veja que, apenas com essa representação você já tem um pequeno mapinha do seu enredo, alie a isso a história de base do personagem principal (ou dos personagens caso seja mais de um) e você vai ter ferramentas para construir uma história sólida, com causalidade, e personagens verossímeis.

Apesar de não ser de uso obrigatório, é muito interessante em uma narrativa (principalmente para um plot twist) o uso de um personagem transversal, são personagens não recorrentes (como um NPC em um jogo de RPG) que tem uma passagem rápida, mas significativa na vida do personagem principal. Eis como o representamos na linha do tempo:

A primeira aparição desse personagem ao personagem principal acontece aos 18 anos onde ele deixa um ensinamento ou  algo do tipo, ele volta então aos 42 anos desse personagem X e faz alguma espécie de revelação que pode mudar todo o enredo ou resolver o mistério (questão principal) da obra.

Antes de encerrar esse post, gostaria de indicar alguns sites que servem de guia para autores iniciantes como nós, são excelentes ferramentas de estudo da narrativa e da composição literária e oferecem cursos (pagos) de escrita criativa, mas também disponibilizam excelente conteúdo gratuito.

O Ficção em Tópicos é o maior site de storytelling e escrita criativa do Brasil. Nele você encontra ferramentas que vão desde a concepção de ideias até o passo a passo da escrita do livro. Eu já o citei aqui no post que falava sobre vozes do personagem, mas você encontra muitas outras coisas lá como:
  • Como iniciar o livro?
  • Como criar personagens?
  • Como escrever diálogos?

E muitas outras coisas! É escrito por um cara que tem uma bagagem muito grande em escrita criativa com cursos e mestrado por boa parte do mundo. O site ainda oferece cursos pagos de escrita criativa. Eu indico fortemente principalmente para quem está no comecinho, o conteúdo disponível grátis é muito rico, vale a pena dar uma estudada nos posts. As guias do site trazem as postagens por ordem de assunto e sequência de trabalho.

O Carreira Literária foi idealizado pela Flávia Iriarte, dona da Editora Oito e Meio, você encontra dicas de leitura, escrita criativa, publicação entre muitas outras coisas. Eu recomendo assinar a newsletter deles, sempre tem indicações de vídeos sobre escrita, concursos literários, sem contar que, dependendo do seu gênero, você ainda tem a oportunidade de mandar seu original para avaliação (contudo se está começando agora não recomendo).

Mais para frente vou conversar um pouco com vocês sobre publicação e autopublicação e contar como foi minha experiência com as editoras, além de dar uns toques de editores sobre o envio de originais. Contudo, vale a pena se inscrever no CL e se ligar nas dicas.

Outro canal muito bacana além do Ficçomos que já indiquei em outro post é o Exercícios de Criação Literária, conheci esse canal por acaso, mas gostei muito do conteúdo que vai além de dicas de escrita, mas fornece exercícios práticos e um pouco desafiadores até, de escrita criativa com a chance de enviar para Sabina Anzuategui, criadora do canal, ter seu exercício avaliado e comentado num vídeo. Lá você encontra temas como personagem, enredo, composição de texto, métodos de trabalho, carreira de escritor, mercado editorial. Vale a pena se inscrever e conferir.

Por fim, não deixe de se inscrever no canal do Leitor Beta no Youtube, seguir o blog e a página do Facebook vejo vocês no próximo post, bons estudos e sigam escrevendo!