Então, continuando a falar sobre os gêneros literários, hoje a gente vai conhecer um pouco mais sobre o gênero narrativo, antes chamado de gênero épico, e alguns gêneros textuais que fazem parte deste e utilizamos mais no nosso cotidiano de fanfiqueiros!
A nomenclatura gênero épico tem sofrido alterações ao longo dos anos. Atualmente, privilegia-se a substituição da nomenclatura gênero épico para gênero narrativo, considerada mais atual. A narrativa literária costuma-se apresentar em forma de prosa, mas pode ser também em versos (epopeia, romanceiros). No século XX, a partir do estruturalismo, surge uma espécie de teoria semiótica da narrativa (ou narratologia) que propõe-se estudar a narratividade em geral (romances, contos, filmes, espetáculos, mitos, anedotas, canções, músicas, vídeos). Encabeçados por Roland Barthes, estes estudos pretendem encontrar uma "gramática" da narrativa, mais ou menos como Saussure encontrara para a fala. É a partir daí que surgem as fichas de leitura e os estudos sobre o narrador, os actantes, as estratégias narrativas de determinada escola, entre outros.
Roland Barthes, mestre no estudo da narrativa, disse:
"A narrativa está presente em todos os tempos, em todos os lugares, em todas as sociedades, começa com a própria história da humanidade. (...) é fruto do génio do narrador ou possui em comum com outras narrativas uma estrutura acessível à análise".
Esse é provavelmente o gênero literário mais usado principalmente no nosso meio. Neste gênero, é feita a narração de uma história através de uma sequência de várias ações reais ou imaginárias. Essa sucessão de acontecimentos é contada por um narrador e está estruturada em introdução, desenvolvimento e conclusão. Ao longo dessa estrutura narrativa são apresentados os principais elementos da narração: espaço, tempo, personagem, enredo e narrador.
Características do gênero narrativo
- É escrito maioritariamente em prosa;
- A ação é contada por um narrador;
- Ocorre a narração de uma sucessão de acontecimentos reais ou imaginários;
- Apresenta a estrutura básica de introdução, desenvolvimento e conclusão;
- A ação se desenrola num tempo e num espaço;
- Pode ser utilizado um discurso direto, indireto ou indireto livre.
Dentre os subgêneros deste gênero literários, três são os mais utilizados por nós autores: o romance, a novela e o conto:
Pretendo fazer uma postagem sobre cada um deles porque acho importante conhecermos bem o que os difere e, sobretudo, suas principais características para, assim, podermos classificar corretamente nossas criações.
Subgêneros do gênero narrativo
Romance: Narrativa em prosa, extensa e complexa, sobre personagens fictícias que vivenciam acontecimentos imaginários num determinado espaço e tempo. Além de relatar aventuras, os romances habitualmente traçam perfis psicológicos de personagens, caracterizam uma época e criticam costumes sociais.
Novela: Narrativa em prosa mais breve do que o romance e mais extensa do que o conto. Normalmente, apresenta o desenvolvimento sequencial de vários enredos interligados, sendo uma narração dinâmica.
Conto: Narrativa em prosa mais breve do que o romance e a novela, cujo enredo é intenso e rápido, ocorrendo uma ou poucas ações, vivenciadas num curto espaço de tempo por poucas personagens, que são superficialmente caracterizadas.
Epopeia ou poesia épica: Narrativa em verso, extensa e complexa, sobre atos heroicos de uma personagem ou conjunto de personagens em acontecimentos extraordinários, dignos de serem imortalizados.
Fábula: Narrativa em verso ou em prosa sobre personagens e fatos fantásticos. Apresenta duas características marcantes: ser protagonizada principalmente por animais e ter como finalidade transmitir uma lição de moral, possuindo um cunho educativo.
Crônica: Narrativa em prosa, sucinta e informal, que aborda temas simples e cotidianos. Faz uma crítica a acontecimentos do dia a dia, recorrendo ao humor. Tem como objetivo analisar e criticar a realidade social, política ou cultural. Dos textos literários é o que mais se aproxima do texto jornalístico.
Ensaio: Narrativa breve e impessoal, em prosa, cuja finalidade é apresentar ideias, críticas, reflexões e pontos de vista sobre um assunto. Possui um cunho didático.
Estrutura da narração
Ação:
- Intriga: Ação considerada como um conjunto de acontecimentos que se sucedem, segundo um princípio de causalidade, com vista a um desenlace. A intriga é uma ação fechada.
- Ação principal: Integra o conjunto de sequências narrativas que detêm maior importância ou relevo.
- Ação secundária: A sua importância define-se em relação à principal, de que depende, por vezes; relata acontecimentos de menor relevo.
A narração consiste em arranjar uma sequência de fatos na qual os personagens se movimentam num determinado espaço à medida que o tempo passa.
Sequência
A ação é constituída por um número variável de sequências (segmentos narrativos com princípio, meio e fim), que podem aparecer articuladas dos seguintes modos:
- encadeamento ou organização por ordem cronológica
- encaixe, em que uma ação é introduzida numa outra que estava a ser narrada e que depois se retoma
- alternância, em que várias histórias ou sequências vão sendo narradas alternadamente pela forma que foi escrito. Esse eu lirico deve ser mais abrangente de forma que o leitor se familiarize com a leitura.
A ação pode dividir-se em:
- introdução ― é o momento do texto em que o narrador apresenta as personagens, o cenário, o tempo, etc. Nesse momento ele situa o leitor nos acontecimentos (fatos).
- desenvolvimento ― é nesse momento que se inicia o conflito (a oposição entre duas forças ou dois personagens). A paz inicial é quebrada através do conflito para que a ação, através dos fatos, se desenvolva.
- clímax ― momento de maior intensidade dramática da narrativa. É nesse momento que o conflito fica insustentável, algo tem de ser feito para que a situação se resolva.
- desfecho ― é como os fatos (situação) se resolvem no final da narrativa. Pode ou não apresentar a resolução do conflito.
Tempo
- Tempo cronológico ou tempo da história - é o tempo em que a ação acontece.
- Tempo histórico - refere-se à época ou momento histórico em que a ação se desenrola.
- Tempo psicológico - é um tempo subjetivo, vivido ou sentido pela personagem, que flui em consonância com o seu estado de espírito.
- Tempo do discurso - resulta do tratamento ou elaboração do tempo da história pelo narrador. Este pode escolher narrar os acontecimentos:
- por ordem linear e neste caso poderá falar-se numa isocronia;
- com alteração da ordem temporal (anisocronia), recorrendo à analepse (recuo a acontecimentos passados) ou à prolepse (antecipação de acontecimentos futuros); Ex: acontecimento 3-1-5-2 etc...
- a um ritmo temporal (medido pela relação entre a duração da história, medida em minutos, horas, dias, ect... e a duração do discurso medida em linha e páginas) igual ou semelhante, estamos de novo perante uma isocronia;
- a um ritmo temporal diferente (anisocronia), neste caso o narrador pode servir- se elipses (omissão de acontecimentos), pausas (o tempo da história para para dar lugar a descrições, por exemplo) e de resumos ou sumários (resumo de acontecimentos pouco relevantes ou preparação para eventos importantes).
Personagens:
- Protagonista, personagem principal ou herói: desempenha um papel central, a sua atuação é fundamental para o desenvolvimento da ação.
- Antagonista: Que atua em sentido oposto; opositor; adversário. Personagem que é contra alguém ou algo.
- Coadjuvante: assume um papel de menor relevo que o protagonista, sendo ainda importante para o desenrolar da ação.
- Figurante: tem um papel irrelevante no desenrolar da ação, cabendo-lhe, no entanto, o papel de ilustrar um ambiente ou um espaço social de que é representante.
Espaço ou ambiente:
- Espaço ou Ambiente físico: é o espaço real, que serve de cenário à ação, onde as personagens se movem.
- Espaço ou Ambiente social: é constituído pelo ambiente social, representando, por excelência, pelas personagens figurantes.
- Espaço ou Ambiente psicológico: espaço interior da personagem, abarcando as suas vivências, os seus pensamentos e sentimentos.
O espaço ou ambiente pode ser desde uma praia a um lago congelado. De acordo com espaço ou ambiente é que os fatos da narração se desenrolam.
É isso, gente! Na semana que vem, provavelmente, volto com o último gênero literário para vocês, espero que esteja sendo útil, é muito importante conhecer os gêneros literários para poder fazer hibridismos, classificar nossas histórias com segurança e, sobretudo, saber como estruturá-las ou que regras desobedecer para criar um gênero novo. Grande abraço e até a próxima!
Referências:
Norma Culta: https://www.normaculta.com.br/genero-epico-ou-narrativo/
Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Modo_narrativo
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