Estava assistindo uma palestra do autor e professor criativa Tiago Novaes em que ele falava, entre outras coisas, sobre o que é, de fato, ser escritor, e ele passou esses cindo passos preciosos do processo de escrita criativa que é o que vim trazer para vocês hoje.
Mas antes gostaria de abrir um pequeno parêntese aqui, eu fui "convidada" por uma menina que conheci no meu blog a "analisar" alguns de seus textos, gente, eu não sou nenhuma professora de escrita criativa ou especialista em texto, nada disso. Eu sou uma aprendiz, eu não sei nem metade do que é necessário para escrever uma boa história, tudo que eu escrevo nessa coluna tanto no meu blog quanto aqui no Leitor Beta são meus estudos sobre o assunto, minha experiência pessoal com o processo o que eu acredito que é relevante para quem está começando agora no processo de criar uma história.
Vejam, quando eu comecei a escrever histórias, em 1997 (sim, pra vocês verem como faz tempo), não havia nada do que há hoje, eu não tinha acesso à internet, não tinha professores de escrita, não tinha ninguém que me guiasse no processo. Meus professores de português só ensinavam gramática, eles olhavam meus contos não pelo que eles eram, mas como eles eram escritos ortograficamente. Hoje em dia, apesar de o Brasil ainda ser muito fraco nessa questão, vocês tem a faca e o queijo na mão, galera! Há muito material ótimo de escrita criativa na internet, tudo que vocês precisam fazer é se dedicar a estudar. Eu digo isso porque eu passei por todo o "perrengue" de aprender as coisas na marra, de sofrer com as críticas cruéis de gente que só me colocava para baixo sem dizer onde eu precisava melhorar, o que eu precisava fazer, em que ponto eu tinha que estudar mais. Então, se você quer mesmo ser um bom contador de histórias, um romancista, um contista, um autor no sentido mais simbólico e literal da palavra, não coloque desculpas sobre não saber o que fazer ou por onde começar, está bem? Isso é hipocrisia.
Eu já disse aqui e repito: escrever não é um processo fácil. Criar uma boa história, personagens convincentes, um enredo bem estruturado, algo que realmente consiga prender um leitor é cada dia mais complicado, leva tempo e você precisa aprender a ser paciente para enfrentar a jornada, mas, sobretudo, corajoso o suficiente para enfrentar a batalha. Se você pode investir dinheiro nisso, investe, se não pode (como eu) então procura o que está disponível e tenta fazer o que melhor que tu podes com isso. Mas pare de continuar cometendo os mesmos erros por dizer que não tem quem te oriente a fazer o certo.
Dito isso, vamos aos cinco preciosos fundamentos da escrita criativa. Sério, anotem esses passos, eles são sua estrada de ouro para conseguir vencer a jornada do escritor.
1. Revisão
O primeiro é o princípio da revisão. Digamos que esse seja 70% do que um escritor faz. Sempre que você começa a revisar, o texto fica melhor. Por isso a primeira versão de um texto NUNCA é a definitiva. Não existe um escritor que não revisa, não existe como pular essa etapa de lapidação do texto, é preciso ser paciente e revisar quantas vezes forem necessárias e quando digo revisar não estou falando apenas de sair olhando os erros ortográficos do texto, revisar é muito mais que isso, é sair procurando o que está incoerente, o que pode ser mudado, o que precisa sair, o que se deve acrescer, etc. É um processo que melhora com a prática. E, repito, é fundamental.
2. Gêneros Literários
O segundo é o fundamento do conhecimento dos gêneros literários e não confundam com os gêneros textuais! Antes que um autor tenha a pretensão de criar hibridismos ou se aventurar por correlações, é preciso que se tenha uma noção do que significam cada um dos gêneros literários, as diferenças entre eles, suas características, a mecânica de linguagem que eles usam, etc. Entender os gêneros é uma forma de situar a si mesmo e a sua escrita no nosso tempo.
3. Fluência e Rigor
Quando deixamos o nosso texto "maturando" por assim dizer, durante a revisão nós o submetemos a todos os nossos lados (e sim, nós temos mais de um), o observamos sob todas as nossas óticas subjetivas, por isso, ao revisar, evite esses dois pensamentos:
- "Isso está um lixo" "Não presta para nada" esse pensamento não vai te levar a nada, não te serve, principalmente se for fruto da sua autocrítica sem fundamento.
- "Está perfeito" "Maravilhoso" "Pronto" "Intocável", do mesmo jeito que o desânimo em excesso não é saída, o ego inflado menos ainda vai ajudar você a continuar. Acredite, eu conheço muita gente escrevendo como um estudante de segunda série que acha que é o próprio Stephen King. Não importa quão bom você ache que está seu texto, sempre há o que melhorar.
O processo de escrita está além desses dois pensamentos, não pode ser "8 ou 80" ache o equilíbrio entre a euforia e a autocrítica, entre a fluência e o rigor.
4. Estrutura Frasal
Esse fundamento meio que me derrubou da cadeira (risos), gente todo autor iniciante passa por isso. É preciso entender sim a estrutura de uma oração (lembra aquelas aulas de sintaxe que você cansou de prestar atenção? Pois bem, volte a revisar), sujeito, predicado, verbo, advérbio, adjetivo... Por quê? Porque isso vai ajudar a identificar como construímos orações e como podemos torná-las fluidas.
Quer um exemplo bem claro? Abra o seu texto no programa que você usa para escrever e procure todos os adverbios terminados em "mente" no seu texto, exatamente, completamente, totalmente, extremamente... eu fiz isso com um texto antigo meu e me surpreendi, mesmo no meu livro atual apesar de a incidência não ter sido muito assustadora, foi um pouco preocupante. Isso é muito a cara de autores iniciantes, pessoas. Pode prestar atenção nos livros que você lê, há muito poucas ocorrências desse tipo de advérbio, quase nenhuma, porque a marca de um bom texto é você saber suprimir esses advérbios que cria um certo cacoete no seu texto.
Outro exemplo é o uso dos adjetivos que também devem ser usados com equilíbrio, apesar de esta questão estar ligada com o estilo de escrita de cada autor é bom estar atento. E como a gente vê tudo isso? Adivinhem?! Sim, na revisão.
5. Contenção do Narrador
É importante que você esteja um pouco invisível no seu próprio texto, você já é o dono dele, o senhor, o autor. Por isso, deixe um espacinho para o leitor, ofereça lacunas, perguntas (não literalmente, claro) para que ele faça parte do processo, que ele interprete e co-crie a história junto com você. Um bom escritor é aquele que deixa espaço de criação para o leitor, por isso contenha o narrador dentro de você!
E é isso! Espero que tenham gostado e que esses fundamentos guiem seu caminho como autores a partir de agora. São dicas valiosíssimas que eu gostaria muito de ter tido quando comecei a criar minhas próprias histórias.
Grande abraço a todos vocês e até a próxima!
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