quinta-feira, 26 de abril de 2018

[Livro] Sequência de A Seleção


Já tem um bom tempo desde que li A Seleção, vi por acaso com a minha irmã numa de nossas idas às Americanas e, sou sincera, comprei pela capa. Contudo, acabei me vendo presa ao livro assim que comecei a ler e não consegui largá-lo até a última página. Porém, meu ânimo foi diminuindo com o passar da sequência da trilogia, mesmo que em nenhum momento eu tenha shippado errado, America Singer foi se tornando cada livro mais problemática e me dava nos nervos ter de acompanhá-la. O último livro, A Escolha, me deixou decepcionada para dizer o mínimo, como se fosse muito acontecimento e não desse pra colocar tudo no mesmo livro, aí ela teve que sair "cortando" as cenas pra resumir. Por isso, quando foi anunciado mais dois livros da sequência, seguindo agora a filha do casal principal, não me empolguei muito e os comentários de que ela era pior que a mãe dela não ajudaram em nada. Esse ano, decidi pôr os dois livros na meta de leitura e eis aqui minha opinião a respeito da sequência da série.

Título Original: The Heir
Série: Seleção #4
Gênero: Distopia, romance, YA
Ano: 2015
Páginas: 287 (econômica) 390 (normal)

Sinopse: Vinte anos atrás, America Singer participou da Seleção e conquistou o coração do príncipe Maxon. Agora chegou a vez da princesa Eadlyn, filha do casal. Prestes a conhecer os trinta e cinco pretendentes que irão disputar sua mão numa nova Seleção, ela não tem esperanças de viver um conto de fadas como o de seus pais… Mas assim que a competição começa, ela percebe que encontrar seu príncipe encantado talvez não seja tão impossível quanto parecia.

 Bem, minha irmã comprou os dois últimos livros da série na Avon porque só faltava esses dois, mas não tinha muitas expectativas com ele não, principalmente porque eu tinha ouvido muita coisa sobre como a filha de América era altamente insuportável, ainda assim, não sou dessas que deixa os livros mofando na estante sem ler (bom, só os que são realmente ruins ao ponto de não valerem meu tempo, como o James Patterson que eu não leio nunca mais).

Enfim, como só faltavam eles dois, pus na meta desse ano, aí comecei a ler para passar a raiva toda de uma vez, mas não simpatizei muito com a Eadlyn não e, vou dizer, a criatividade da Kiera Cass se concentra principalmente em criar nomes estrambólicos para as personagens, quer dizer, quem no mundo se chamaria Ahren, mas okay. Uma coisa interessante, em favor desse livro, é que a gente vê como seria se a Seleção fosse invertida, aqui são 35 caras pela mão de uma princesa e é interessante observar essa perspectiva, principalmente porque o comportamento deles é diferente. Em outra ótica também nós podemos observar o dia a dia da realeza, uma vez que nos livros de America a gente tinha a perspectiva de como funcionava o lado "plebeu" da seleção e não sabia como era para Maxon o que seria sim um ponto de vista muito bacana.

Muito bem, a história começa com Eadlyn reclamando que só estava "condenada" à coroa porque nasceu sete minutos antes de seu irmão gêmeo Ahren, que na história monárquica que conhecemos seria o herdeiro da coroa por ser homem, contudo, América e Maxon mudaram as leis para que ela, como primogênita, ficasse com o trono. Contudo, apesar de todas as regalias, Eadlyn sente e muito o peso da responsabilidade para a qual foi preparada desde criança para exercer, o problema mora, inclusive, nela mesmo. O que torna esse livro sofrível é a personagem, gente. Não há outra forma de expressar Eadlyn além de chata. Ela é incrivelmente chata! Acredito que a Cass quis criar uma personagem feminina empoderada, toda voltada para a seguradora de espadas e rainha da porra toda, mas ela só conseguiu fazer uma personagem mimada, fútil, intragável que não desperta qualquer sentimento em nós leitores que não seja raiva.

Então, os 35 caras são sorteados de maneira bem democrática ao contrário do que aconteceu com Maxon cujo pai manipulou essa etapa. E por falar em Maxon uma coisa bacana nesse livro é que a gente tende a imaginar nossos personagens sempre jovens, quando A Escolha acabou nós tínhamos um rei jovem, cheio de vida com toda uma vida pela frente, pra mim pelo menos a sensação de ler um livro em que a filha dele descreve cabelos brancos, pés de galinhas e ruga vincada na testa foi muito estranho e, ao mesmo tempo, muito legal. A gente tem um vislumbre, ainda que muito tênue, da vida que os dois levaram e dos quatro filhos que tiveram e essa parte é bem interessante, não somente isso, mas como foi levado adiante o plano de Maxon de excluir as castas e como isso não funcionou tão bem quanto esperado uma vez que o preconceito ainda permaneceu.

Acho que o que me fez desgostar um pouco mais dessa seleção de Eadlyn foi o fato de ela ser incrivelmente irritante. Maxon, como ela, não queria a Seleção, mas ele não era um cretino mimado e soube levar a busca pela garota certa a sério, mergulhou de cabeça, deu uma chance. Só que a filha dele não faz isso, ela é estúpida, grossa, frívola, manipuladora e com mania de grandeza "eu vou ser a rainha, ninguém é mais poderoso que eu" e blá blá blá. Gente, é massante. Até mesmo os próprios candidatos  não me cativaram muito com exceção de Henri, que eu amei de paixão, gente ele é muito fofo. O intérprete dele, Erick, também é um amor e eu torci muito por ele mesmo que ele não faça parte da seleção, contudo, há grandes chances de que ela acabe com um outro candidato que eu não queria muito, mas esperemos para ver, já vou começar a ler logo o outro livro (normalmente eu alterno um físico e um ebook, mas vou abrir uma exceção dessa vez).

Ao contrário de Maxon, uma vez que Eadlyn não quer a seleção ela acaba metendo os pés pelas mãos diversas vezes por querer dar uma de espertinha e manipular a mídia e as pessoas. Por causa disso arruma ainda mais problemas para Maxon que já está se desdobrando para controlar as rebeliões que estão se voltando contra a monarquia. Okay, eu até entendo a parte de não acreditar no amor e não querer se casar, é até compreensível principalmente considerando a idade dela, mas se fechar daquele jeito e magoar outras pessoas é errado uma vez que ela concordou com a Seleção para dar tempo ao pai. Eu realmente não gostei dela. 

Título Original: The Crown
Série: Seleção #5
Gênero: Distopia, romance, YA
Ano: 2016
Páginas: 225 (econômica) 310 (normal)

Sinopse: Em A herdeira, o universo de A Seleção entrou numa nova era. Vinte anos se passaram desde que America Singer e o príncipe Maxon se apaixonaram, e a filha do casal é a primeira princesa a passar por sua própria Seleção. Eadlyn não acreditava que encontraria um companheiro entre os trinta e cinco pretendentes do concurso, muito menos o amor verdadeiro. Mas às vezes o coração prega peças… E agora Eadlyn precisa fazer uma escolha muito mais difícil — e importante — do que esperava.

Eadlyn não é de longe a rainha que o povo de Iléa quer no trono e depois da carta de Ahren agora ela sabe disso. Com a saúde de America correndo sérios riscos, ela se vê como regente em meio a um turbilhão de acontecimentos, sendo oprimida pela partida do irmão, a responsabilidade com a Seleção e um país que a rejeita como rainha.

É quando entra em cena Marid Illéa, filho de um ex-amigo de Maxon que se oferece para ajudá-la com a opinião pública, o que Eadlyn não faz ideia são as intenções sombrias por trás da generosa oferta do aspirante a político. Enquanto tenta resolver a questão da aceitação, várias descobertas sobre os meninos da Seleção vêm à tona o que a colocam não apenas em uma boa saia justa, mas dificultam ainda mais sua escolha. Para alguém que estava decidida a ignorar completamente a voz do seu coração, a princesa se vê coroada rainha com uma bomba nas mãos: está apaixonada por uma pessoa que não faz parte da Seleção o que pode vir a parecer uma traição ao seu país e trazer ainda mais problemas para si mesma.

O alívio cômico nesse livro é muito melhor que o anterior e, apesar de Eadlyn continuar meio chata, ela está mais suportável que antes. Sendo bem sincera eu achei que os acontecimentos da história foram rápidos demais, como se ela tivesse querido colocar tudo de uma vez porque não teria outro livro depois. A relação de Erik com Eadlyn principalmente, tudo bem que foi sutil e talvez tenha sido até intencional por parte dela pra fazer a gente acreditar que ela ficaria mesmo com Kyle, mas foi tão mal desenvolvida, os momentos dos dois tinham aquela centelha, mas não dava pra sentir com firmeza nas cenas porque a Eadlyn não demonstrava isso no primeiro livro.

Outra coisa foi o tal Marid, de onde ele surgiu? Faz um tempão que eu li A Seleção, então não lembro direito quem são os Iléa ou se eles aparecem nos primeiros livros, mas sei lá, ele pareceu meio perdido no enredo, como se fosse a intenção fazer um vilão de ultima hora, mas como ele não apareceu no outro livro não pode nem ser considerado um personagem de transição. Uma coisa bacana nesse livro foi saber mais sobre Maxon e a sua relação com o pai, gostei muito dessa parte. Algumas perguntas ficaram implícitas no "depois" do final e também não gostei muito disso, creio que daria sim para ter desenvolvido a história um pouco mais, o livro ficou tão curtinho deu aquela ausência de emoção, como se tivesse faltando algo. Ainda assim, gostei mais desse que do anterior. Henri muito fofo foi um dos personagens que mais amei.

O que eu posso tirar de conselho dessa sequência: cuidado ao criar personagens! As vezes, na sua cabeça a personagem é ativa, altiva e "fodona", mas a impressão que dá aos leitores surte diversos sentimentos diferentes que divergem da sua concepção, acho que foi o que houve com a Eadlyn, na tentativa de criar uma personagem cheia de si e que luta pelos seus ideais, a Kiera Cass acabou criando um monstrinho mimado e chato pra cacete (com o perdão da palavra). A pior parte é que não dá tempo ela "evoluir" como deveria, entende? Mesmo a America eu acredito que evoluiu de maneira bem mediana durante os três primeiros livros, a Eadlyn não conseguiu nem respirar, a gente só percebia a suposta evolução dela pela boca das próprias personagens do livro, não é algo que a gente possa atestar, sabe? É muito abrupto. Em outras palavras, ela não "cresce com a gente". Pelo menos foi essa a impressão que tive.

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