quinta-feira, 31 de maio de 2018

[Escrita] Planejamento de enredo I - Ferramental Simbólico - História de Base

Saudações!

Recentemente comecei a fazer um minicurso de escrita criativa, quem disser a vocês que escritores não precisam estudar está mentindo, escutem o que eu digo! Nós que queremos viver de palavras estudamos como médicos e professores, sempre e para sempre. 

Hoje a gente vai começar a ver uma ferramenta de representação para o enredo do livro. Quem ministrou esse curso foi o professor Gilberto Sendtko, o curso de criação literária deste senhor custa nada menos que R$ 3.270,12 dinheiros! Então, obviamente, eu não perderia a chance de ouvir as dicas dele nesse minicurso ainda que não tenha todas as ferramentas que o curso completo oferece, ele é bem dinâmico no que diz respeito a ensinar alguns passos que orientam os autores iniciantes a organizar suas obras e eu vou passar para você tudo que aprender nessas aulinhas.

Bom, iniciando, esse ferramental simbólico serve para que a gente represente todo o planejamento que nós estamos desenvolvendo para a obra que vamos escrever. Serve para que represente-se simbolicamente a história que queremos produzir, os movimentos existentes, encontros, desencontros, etc. Em outras palavras, é a representação simbólica do enredo. Uma das maiores dificuldades para autores inciantes (e aqui eu me coloco entre eles) normalmente é o planejamento de enredo, gente, esse negócio não é de Deus não! E ainda tem gente que tem a audácia de dizer que escrever um livro é fácil!

Eu já falei sobre isso antes, o planejamento de enredo serve para que você tenha um norte da obra que vai criar, permite que ela seja homogênea e linear, o maior problema em se escrever ao bel prazer da imaginação - e o professor deixa isso bem claro - é que os personagens e o próprio enredo em si acabam se tornando reféns do humor e da inspiração do escritor coisa que fica visível durante a leitura e acaba tendo-se um resultado cheio de inconsistências. E muitos autores desistem da obra no meio do caminho por simplesmente não saberem para onde ir com aquela história, grande parte dessa dificuldade de planejamento dá-se pela falta de uma ferramenta que proporcione uma visão completa, de totalidade da história que permita que o autor visualize os acontecimentos que serão narrados em uma ordem temporal e em movimento.

Então, nessa aula vamos ver como representar simbolicamente esse enredo e dar início ao planejamento do nosso projeto literário. Para exemplificar isso vou usar o mesmo exemplo do professor Gilberto, suponha que você quer contar a história de um personagem X,  ou seja, escrever um livro que vá abarcar parte do percurso histórico desse personagem e aí vem a questão: Como vou representar simbolicamente essa parte da história desse personagem? Esse enredo que é praticamente o movimento desse personagem do ponto A ao ponto B do meu livro? E mais: como fazer isso de uma forma simples que me permita ter uma visão completa da minha obra e fazer consultas sempre que eu precisar fazer consultas para me encontrar.

Difícil pensar nisso, não é? A prática da ferramenta que vamos utilizar é teoricamente bem simples, mas vai te custar um pouco de tempo então, preste atenção em cada passo. 

Essa é a linha do tempo do nosso personagem X! Vejam que ela é como uma linha do tempo daquelas que a gente aprende nas aulas de história, ela inicia no ponto 0 que é onde nosso personagem nasce e termina aos 81 anos que, à escolha de exemplo do professor, ele decidiu pelo fim do livro e da vida da personagem, mas você pode simplesmente deixar em aberto e colocar apenas até onde conta a sua historia. Notem também que ela se divide em duas partes, até os 36 anos que é onde o livro começa, e a partir dos 36 aos 81 que é o que se contará na história.

É então que nós entramos no cerne da nossa aula de hoje que focará nessa primeira parte que é chamada Trajetória Histórica de Base, ela serve para nortear toda a construção do enredo, esse é o percurso histórico desse personagem do momento que ele nasce até o início da história. E sim, é preciso planejar esse percurso antecedente ao início da obra e a gente vai ver logo porque é tão importante. Isso faz uma diferença sem precedentes na hora da escrita do livro, da construção da personagem, dos contextos e da relação dos personagens e esses contextos. É preciso entender que a história dos nossos personagens começa muito antes do início do livro, se você, por exemplo, escreve sobre um personagem de 16 anos descobrindo poderes, precisa ter em mente que ele teve uma vida inteira até os 16 anos, uma trajetória histórica que o moldou até chegar no ponto que a sua história se inicia. Então, por mais difícil e não habitual que pareça, não desmereçam a história de base, ela é uma das etapas mais importantes dentro da produção literária.

Então, antes de partir para o enredo em si, notem essas siglas que há na linha do tempo: D.D., essa é a sigla para Dado Divisório, são marcações que definem o fim de uma fase, uma etapa, um período da vida do personagem ou do enredo e o início de outra, o que muda dentro de cada período e como o personagem evolui ou regride dentro de cada uma dessas fases e contextos que envolvem esses dados divisórios. A gente vai ver esses D.D. em detalhes posteriormente, voltando para a história de base, o grande problema dos escritores iniciantes quando produzem (e volto a me incluir nisso) começam a escrever uma história com um personagem em idade X e ignoram completamente o percurso histórico daquele personagem, como se ele surgisse do nada naquela idade e literalmente caísse de paraquedas naquele contexto.
Isso acaba gerando uma história sem profundidade, sem densidade, onde eu não compreendo a dinâmica que envolve as escolhas e o pensamento daquele personagem. E esse problema acaba causando uma impressão, em determinado ponto da história, que não estamos mais no mesmo livro lidando com o mesmo personagem. Entendam que não é que seu personagem não evolua, a questão aqui é que o seu personagem evolua sendo ele mesmo e não virando outra pessoa, o leitor precisa da sensação de linearidade, de consistência de verossimilhança. Essa base vai alicerçar a construção do nosso personagem, como ele pensa, como ele age, como ele vê o mundo e como interage com ele. Mas sobretudo: Por que? Essa situação de causalidade só pode ser compreendida quando conhecemos quem é nosso personagem, de onde ele veio e o que fez ele ser como é, assim evita-se um problema muito comum de multiplas personalidades quando muitas vezes no segundo capítulo o personagem já não é mais o mesmo ou todos os personagens parecem iguais. 

Outra coisa que o professor recomenda além de sempre, antes de escrever, construir uma história de base, é começar escrevendo contos. Segundo ele "É muito mais fácil começar tentando construir algo digno em 5, 10, 15, 20 páginas e fazer um livro de contos do que iniciar uma obra com as suas 120,  200, 400 páginas. 99% dos escritores que iniciam produzindo suas obras com mais de 50 páginas simplesmente desistem no meio do caminho ou muito antes da metade do caminho." 

Do mesmo modo se aplica ao que eu chamo de "maldição da trilogia", conheço escritores iniciantes que mal conseguem trabalhar em um livro só e já planejam começar escrevendo uma saga de 3 livros! Vocês estão vendo aqui como dá trabalho fazer um só livro, e a gente não tá nem no meio do processo, viu? Esse é o começo do planejamento, gente. O começo! Então comecem pequeno, comecem prezando a qualidade, comecem focando em algo bem feito e não se preocupem com o tamanho disso. Não queiram imitar escritores famosos, sejam vocês mesmos!

Então a primeira etapa é criar um Contexto de Base, lá no marco 0, onde o personagem nasceu, a gente vai escrever o contexto em que esse personagem existe. Em que mundo esse personagem nasceu? Como era essa família? Como era a condição sócio-econômica? Como era a relação dessa família com o mundo? É a relação do personagem com esse contexto que vai moldar a caracterização dele. Depois defina cada um dos Dados Divisórios da vida desse personagem, cada DD desse representa uma mudança na vida desse personagem, uma marca nele, o fim de uma fase e o início de novas coisas. Para exemplificar isso, vamos continuar com a ideia daquele personagem X lá de cima.


Então a gente tem aí o contexto base desse personagem, nós definimos um momento histórico, um local, uma situação familiar que vai embasar a vida dele até o início do livro.


E então, a gente tem aqui as pontuações dos D.D. cada acontecimento primordial que marcou a vida desse personagem até o início do livro. Quando concluímos isso, nós já temos uma pequena base de dados sobre nosso personagem, eu já sei por onde esse personagem passou, pelo que ele passou, o modo de ele ser no mundo eu já sei como lidar com isso, esse personagem já não nasceu do nada, ele já tem uma identidade própria.

Essa é só uma representação básica. Eu vou continuar o curso e, conforme for avançando, vou dividindo com vocês o que vou aprendendo! Então vejo vocês na próxima aula! 

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quarta-feira, 30 de maio de 2018

[Livro] O Livro dos Espelhos - E.O. Chirovici

Título original: The Book of Mirrors
Páginas: 322
Gênero: Thriller, suspense, mistério
Ano: 2017

Sinopse: A verdade de um é a mentira de outro. Um livro com uma trama tão perturbadora que bota o leitor num jogo de espelhos Quando o agente literário Peter Katz recebe por e-mail um manuscrito parcial intitulado O livro dos espelhos, ele fica intrigado. O autor, Richard Flynn, descreve seus dias em Princeton, e documenta sua relação com Joseph Wieder, um renomado psicólogo, pesquisador e professor. Convencido de que o manuscrito completo vai revelar quem assassinou Wieder em sua casa, em 1987 — um crime noticiado em todos os jornais mas que jamais foi solucionado —, Peter Katz vê aí sua chance de fechar um negócio de um milhão de dólares com uma grande editora. O único inconveniente: quando Peter vai atrás de Richard, ele o encontra à beira da morte num leito de hospital, inconsciente, e ninguém mais sabe onde está o restante do original. Determinado a ir até o fim neste projeto, Peter contrata um repórter investigativo para desenterrar o caso e reconstituir o crime. Mas o que ele desenterra é um jogo de espelhos, uma teia de verdades e mentiras, e uma trama mais complexa e elaborada que a do primeiro lugar na lista de mais vendidos dos livros de ficção.

Não tinha conhecimento algum da existência desse livro até vê-lo na prateleira das Americanas num dia que a minha irmã tinha dinheiro extra na carteira. Confesso que trouxe ele pra casa por causa do nome e da sinopse, mas nunca havia ouvido falar do autor romeno/alemão/outra nacionalidade que esqueci.

O livro é narrado sob três perspectivas diferentes, começando com Peter Katz, um agente literário que recebe um original parcial de um homem chamado Richard Flynn e nós somos apresentados a esse manuscrito através da leitura dele, com esse fragmento descobrimos um pouco sobre a vida de Richard e sua relação com Laura Bines a pupila de um conceituado professor de psicologia da época que fora assassinado brutalmente, em seu livro, Flynn narra os meses que antecederam o acontecimento e promete revelar quem é o verdadeiro assassino nunca pego pela polícia.

O problema é que o documento não está completo e quando Peter entra em contato para conseguir o restante descobre que o autor está hospitalizado morrendo de câncer e não se sabe o paradeiro do manuscrito.  Sua parceira, Danna, se propõe a procurá-lo para Peter, mas não obtêm sucesso e é assim que somos lançados no mundo de loucura do Livro dos Espelhos onde nada é o que parece e cada nova informação pode conter uma armadilha. Vendo-se prestes a perder a chance de publicar o provável livro dos ovos de ouro, ele pede ajuda ao seu amigo de longa data, o jornalista John Keller para investigar os fatos apresentados no manuscrito e finalizá-lo ele mesmo ou contratar um ghostwriter.

É quando começa a segunda parte do livro, Keller vai atrás das informações do manuscrito, indo em busca das pessoas mencionadas por Flynn e reconstituindo os passos de Wieder, o professor assassinado, até o dia de sua morte, mas o que ele acaba conseguindo - além de perder a namorada - é enterrar-se em um emaranhado de mentiras e contradições que a princípio não se encaixam. Segundo sua linha investigativa, Laura Baines pode ter sido a mente por trás da morte de Wieder, tudo porque ela estaria obcecada pelo manuscrito no qual o professor estava trabalhando e que prometia revolucionar o mundo da psicologia. 

Cansado de não chegar em lugar nenhum, ele passa a vez para Roy Freeman, um policial aposentado que trabalhou como detetive no caso do assassinato de Wieder anos antes, intrigado com as novas descobertas do amigo principalmente quando um antigo desafeto do professor acaba de confessar que o havia matado. Sentindo a consciência pesada por não ter dado tudo de si no caso quando teve a chance e sem acreditar que o indivíduo que confessou de fato havia matado o professor, Freeman vai atrás da verdade comparando cada pequeno detalhe da investigação de anos atrás com as novas descobertas feitas por Keller até chegar no mais improvável dos assassinos.

O Livro dos Espelhos é uma narrativa tão bem armada que você se vê refém das páginas até descobrir quem finalmente é o maldito assassino, ele não apenas tem ganchos bem colocados dignos de qualquer livro de Agatha Christie ou Arthur Conan Doyle, como te apresenta um quebra-cabeças que vai se emaranhando ainda mais conforme as páginas avançam, a história tenta te jogar numa direção dando todas as ferramentas causais para aquela realidade ser plausível apenas para um segundo depois mostrar que você estava errado.

Como dito pelo próprio autor em suas notas finais, o livro é sobre o poder da nossa memória em maquiar os acontecimentos de acordo com a nossa necessidade emocional, algo que recentemente pude ver no final da série Sherlock da BBC, que por sinal recomendo muitíssimo caso ainda não tenha visto. Porém, senti que a do meio da segunda parte para a terceira parte o livro parece se perder um pouco, não estou reclamando de ser sido trollada de certa forma, mas é que, para mim, a resolução do crime não fez sentido, entende? Foi como se o autor quisesse dar aquele up no plot twist e acabou fazendo algo que não casou com o resto do enredo. Pelo menos foi como me senti.

O livro é realmente bom, tem uma trama envolvente, é escrito de maneira envolvente que prende você, mas esse problema do final meio que abala um pouquinho a nossa experiência. A avidez com que você avança as páginas procurando pelo assassino e o motivo do crime enquanto seus neurônios dão um nó com as várias versões dos vários suspeitos, o topo da montanha não supre suas expectativas e o pôr do sol que você ansiou ver acaba sendo um céu nublado. Mesmo assim, por motivos didáticos da construção de um bom suspense recomendo este livro.

terça-feira, 22 de maio de 2018

[Escrita] Dicas de Nicholas Sparks e Neil Gailman para autores iniciantes!

Bem, hoje eu trago dois fenômenos da literatura estrangeira dando seus preciosos conselhos pra nós que somos amantes da caneta e do papel! Este é Nicholas Sparks, tirado do seu website oficial em inglês e traduzido pra vocês ^.^' - Não posso ter traduzido assim muito bem porque meu inglês não é lá isso tudo, mas deem um desconto ta? ;)

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Como aprender o Ofício
Aprender a escrever é como aprender qualquer outra coisa, e pode ser dividido em três partes gerais.

PESQUISE

Em primeiro lugar, há livros inteiros escritos sobre este assunto, e é importante perceber que qualquer informação fornecida aqui será em forma muito abreviada. Com isso em mente, o primeiro passo seria ler uma variedade de livros sobre o ofício da escrita. Em Reportagem de Stephen King, The Elements of Style por William Strunk e EB Branco, Criação de Ficção editado por Julie Checkoway, e uma profissão perigosa por Frederico Busch, são apenas alguns que eu recomendo. Eu também gosto Roteiro de Sid Field, que não se trata de escrever o romance, mas tem um monte de informações úteis. Estes títulos são o suficiente para você começar e há inúmeros outros livros sobre o tema que vai ajudar também, para tudo, desde a criação de personagens para chegar com parcelas.

LEIA

Em segundo lugar, você deve ler, e ler muito. Eu disse muito? Eu li mais de cem livros por ano e têm feito isso desde que eu tinha 15 anos de idade, e todos os livros que eu li me ensinou alguma coisa. Aprendi que alguns autores são incríveis no edifício suspense (ver The Firm por John Grisham), eu li os outros que assustam os Jeepers fora de mim (ver O Iluminado, de Stephen King). Alguns autores podem tecer um número incrível de linhas da história em um único romance, coerente com todas as partes que se unem no final que torna impossível parar de virar as páginas (ver A Soma de Todos os Medos por Tom Clancy), enquanto outros autores fazem me rir em voz alta (ver Bloodsucking Demônios por Christopher Moore). Eu também aprendi que muitos, muitos autores falhar ao tentar fazer essas coisas. Ao ler um monte de livros em uma variedade de gêneros, e fazendo perguntas, é possível aprender como as coisas são feitas, a mecânica da escrita, por assim dizer, e que os gêneros e autores destacam em diversas áreas.

Em seguida, se concentrar em o gênero que você quer escrever, e ler livros nesse gênero. Um monte de livros por uma variedade de autores. E leia com perguntas em sua mente. Em um filme de suspense, por exemplo, você pode perguntar: quantos personagens estavam lá? Muitos ou poucos? Quanto tempo durou a novela? Quantos capítulos estavam lá? Isso foi muito poucos, muitos ou apenas para a direita? Como o autor construir suspense? Será que o autor saiu do nada com uma surpresa? Ou será que a queda autor sugere mais cedo? Se sim, quantos palpites? Onde na novela ele colocá-los? Foi a cena de suspense, principalmente narrativa ou diálogo? Ou uma combinação de ambos? Será que isso funciona? Teria sido melhor de outra maneira? Onde é que os bandidos entrar? No começo? O meio? Quando eles encontram pela primeira vez o mocinho? O que aconteceu? Será que o leitor sabe que eles eram ruins? Eles fizeram algo de ruim com o pé direito, ou foi algo que parecia bom no momento?

Então, leia um outro filme e pergunte a si mesmo essas perguntas novamente. Então leia o outro e outro e outro e fazer essas mesmas perguntas. E continue lendo toda a sua vida e fazer perguntas.

Pouco a pouco, você vai aprender o processo.

ESCREVA

O passo final é escrever. Você não pode ser um escritor, se você não escrever, é simples assim. Eu escrevi dois romances completos e outro livro antes mesmo que eu tentei escrever The Notebook. Esses dois romances são inéditos, mas que me ensinou que eu não só gostava de escrever, mas que eu tinha em mim para terminar um romance, uma vez que eu comecei. Essas lições foram importantes quando me sentei para escrever The Notebook.

Eu escrevo cinco ou seis dias por semana, geralmente um mínimo de 2.000 palavras, às vezes mais. Esta seção do site, por exemplo, que levou cerca de quatro dias para escrever, é de cerca de 20.000 palavras. Quando terminar, eu vou começar a escrever outra coisa. Todas as pessoas que consideram a escrita como profissão escrever de forma consistente. Aqueles que consideram como um hobby normalmente não.

2000 palavras pode demorar de três a oito horas. (Eu adoro esses dias de três horas, pelo caminho, mas a minha média é provavelmente mais perto de cinco horas.) O tempo gasto escrevendo depende de uma série de fatores, incluindo o que estou escrevendo, se a cena é difícil ou fácil , etc Não importa o que, eu tento manter a consistência nos meus hábitos de trabalho. E eu estou sempre tentando melhorar, de tentar coisas novas, escrever uma nova história que é melhor do que qualquer outra coisa que eu escrevi.

E então? O que acharam das dicas? Para mais detalhes visite: nicholassparks.com (em inglês)
Neil Gaiman, autor de Coraline  e O Oceano no fim do caminho que, ao que parece, é um romance adulto. Eu já tive a oportunidade de ler Stardust e Coraline, ele tem um jeito muito simples e particular de escrever, sua técnica magnética o consagram com direito ao posto de um dos autores mais conceituados e inovadores da atualidade. Então, aí vão os oito mandamentos dele pra nós, amantes da escrita:


Inspirado pelas 10 regras de escrita de Elmore Leonard publicadas no The New York Times, o jornal britânico The Guardian pediu a alguns dos autores mais célebres da atualidade que compartilhassem com o público seus mandamentos de redação. Traduzimos as oito dicas de Neil Gaiman, o premiado autor de O oceano no fim do caminho. Vale tomar nota!


#1. Escreva.

#2 Escreva uma palavra depois da outra. Encontre a palavra certa, escreva-a.

#3. Termine o que você está escrevendo. Faça o que for preciso para terminar, e termine.

#4. Coloque o texto de lado. Leia fingindo que você nunca leu antes. Mostre-o a amigos cuja opinião você respeita e que gostem daquele tipo de coisa.

#5. Lembre-se: quando as pessoas dizem que algo está errado ou não funciona para elas, estão quase sempre certas. Quando dizem exatamente o que você está fazendo de errado e como corrigir, estão quase sempre erradas.

#6. Corrija. Lembre que, mais cedo ou mais tarde, antes que o texto fique perfeito, você precisa seguir em frente e começar a escrever a próxima coisa. Perfeição é como perseguir o horizonte. Continue escrevendo.

#7. Ria de suas próprias piadas.

#8. A principal regra da escrita é que, se escrever com segurança e confiança suficientes, você pode fazer o que quiser. (Essa pode ser uma regra para a vida, assim como para a escrita.) Então, escreva a sua história como ela precisa ser escrita. Escreva-a com honestidade e conte-a da melhor forma que você puder. Eu não sei com certeza se existem outras regras. Pelo menos, não as que importem…

FONTE:http://www.intrinseca.com.br/site/2013/06/8-dicas-de-neil-gaiman/

[Livro] A Noiva do Cavaleiro - Margaret Moore

Título Original: Bride for a Knight
Série: The Knight's Prizes, 2
Ano: 2016
Páginas: 288
Autor: Margaret Moore

Sinopse: Ao ver o lado sensível do severo sir Roland de Dunborough, Mavis de DeLac se enche de esperança de que seu casamento arranjado será bem-sucedido. Quando a noite de núpcias é incendiada pelo desejo que sentem, ela ousa sonhar que a alegria durará para sempre. Contudo, Roland está convencido de que não poderia fazê-la feliz. E volta a ser o homem frio e distante de sempre. Porém, Mavis está determinada a provar que o marido não é uma pessoa amarga. E durante a viagem para proteger a herança de Roland, ela irá libertar o amor que esse nobre cavaleiro enterrou tão profundamente dentro de si.

Eu gosto muito desses romances históricos porque, apesar de o final ser totalmente previsível, o desenrolar não é, e quase sempre somos envolvidos nas tramas e nos lugares onde elas se passam de modo que nem nos importamos com a mesmice. Ainda assim, A Noiva do Cavaleiro não me despertou esse prazer todo de descobrir o que viria na próxima página.

A história gira em torno de Mavis, a filha de um lorde beberrão e sovina que perdeu a esposa cedo e, desde então, trata a filha muito mal indo desde maus tratos físicos a psicológicos. Ainda assim, ela estava decidida a nunca se dobrar diante dele e aceitar um casamento que não quisesse seguindo o exemplo da sua prima Tamsin que fugira para não ser forçada a casar com o terrível lorde de Dunborough chegando, inclusive, a matar seu filho mais velho para proteger aquele que escolhera como marido, irando assim seu tio que cuidara dela desde a morte da mãe. Mavis é muito próxima da prima tendo-a como uma irmã.

Do outro lado, temos Roland, o herdeiro de Dunborough que, tudo que deseja desesperadamente, é provar que não é tirano como seu pai e seu irmão foram. Agora que ambos estão mortos depois de uma visita a DeLack onde o pai deveria negociar o casamento da sobrinha do velho lorde, ele só precisa conseguir lidar com seu irmão gêmeo, Gerrard, que o odeia intensamente por acreditar que deveria ser o herdeiro do pai ao invés do irmão, mesmo o pai tendo dito em seu leito de morte que Roland era o filho mais velho. Assim, a animosidade se instala no condado de York onde a família de Dunborough é temida e odiada por causa dos maus modos dos falecidos pai e irmão mais velho de Roland e Gerrard, conhecidos por serem cruéis e desrespeitosos com as mulheres.

Quando vai tirar satisfações pela morte de seus parentes em DeLac, Roland não pode ignorar o fascínio que sente pela filha do problemático lorde, assim, aceita a proposta de casamento que ele faz e fica surpreso quando Mavis aceita seu pedido de ser sua esposa. Contudo, uma série de desentendidos tornará a jornada desse casal apaixonado muito mais complicada do que parece, se por um lado Mavis apaixonou-se pelo marido desde a primeira vez que o viu, não consegue entender porque ele age de maneira tão fria e distante como se receasse sua afeição. Enquanto que Roland, apesar de desejar fazer a esposa feliz não acredita que ela seja capaz de amá-lo pelo que ele é. Para piorar a situação, a nova lady de Dunborough precisará enfrentar as dificuldades de se casar com um homem odiado pelo seu povo e toda a região graças a crueldade do seu pai.

Apesar de não ter me despertado aquela paixão sem precedentes como geralmente acontece quando leio narrativas históricas, A Noiva do Cavaleiro tem sim seus muitos méritos ao colocar um protagonista que luta contra complexos e traumas psicológicos resultantes de uma criação violenta e sem afeto, mas cheia de humilhações. Em contrapartida, apesar da protagonista ser frágil, não faz o estereótipo de mulher boba e procriadora, Mavis é inteligente, determinada e não se permite intimidar nem mesmo pela parede que o marido ergueu entre eles. Contudo, mesmo apesar da boa construção de personagens, a história não me cativou, o desenrolar, para mim, não foi emocionante apesar de ser um livro realmente muito bom.

domingo, 20 de maio de 2018

[Escrita] Pesquisa | Prática X Inspiração | Programas úteis

Oie, pessoas!

Como estão? Espero que bem. Hoje, volto com mais um post da tag Escrita, feita especialmente para ajudar um pouco pessoas que gostam do universo e querem um norte por onde começar, dúvidas a serem sanadas e conselhos que eu posso dar de acordo com a minha própria experiência. Hoje a gente vai conversar um pouco sobre pesquisa, prática x inspiração a rotina de trabalho e eu vou falar de alguns programas úteis que ajudam muito na hora de escrever principalmente para quem estar lutando pela organização hahaha. Então vamos lá!

PESQUISA


Esse é um ponto importante para quem está escrevendo, principalmente se você vai falar de alguma coisa que não domina muito bem ou que domina parcialmente. Quando eu vou escrever, normalmente minhas histórias são situadas em lugares que eu nunca fui, como por exemplo Folhas Mortas que se passa em Albuquerque, no novo México e em São Francisco, a maior parte nesta última. Eu precisei me desdobrar com muita pesquisa sobre a cidade para poder escrever com o máximo de fidelidade possível, além de pesquisar um pouco sobre os costumes americanos (o que nos filmes procede e o que não), clima, enfim.

Quando eu estava escrevendo Dear Diary tive que assistir algumas aulas de química na internet, porque eu sempre fui péssima em química e a Ellen adorava a matéria. Então, a pesquisa é um ponto muito importante porque traz fidelidade à história, claro que você tem a liberdade de inventar, mas certas coisas carecem sim de fontes seguras sem contar que conhecimento nunca é demais! A gente acaba se inteirando de um monte de curiosidades legais! Para você ter ideia da importância desse tópico, no Nyah uma vez estava lendo uma história em que as personagens principais eram médicos que tinham na família um histórico de Leucemia, um a um eles iam adoecendo e morrendo e a história girava em torno desse drama familiar e de como cada um dos membros lidava com a perda e a doença de seu parente. A autora fez um trabalho de pesquisa tão perfeito em oncologia que o livro parecia ser o diário de uma pessoa que enfrentava a perda de alguém que amava ao mesmo tempo que temia também passar por aquilo.

A palavra chave é verossimilhança! Quanto mais eficiente for sua pesquisa, melhor. Imagine que sua personagem está caminhando por uma rua de Nova Iorque, mas você nunca foi a Nova Iorque! Qual o nome da rua? O que tem nela? Como é o movimento? E o clima, como está? Ou ainda, imagine que você quer escrever sua primeira história com um personagem irlandês, mas você não sabe nada da Irlanda. Que costumes eles tem? Como é a vida lá? E as paisagens? Do que sua personagem mais tem falta de lá? Pesquise lugares diferentes, atrações turísticas que renderiam uma boa cena, descubra a cultura interessante de outro país e imagine seus personagens nele. É uma ferramenta excelente e muito importante na construção do enredo. Para vocês terem uma ideia, eu passei uma semana lendo sobre coma e amnésia para escrever algumas cenas de Um Novo Começo, já pesquisei como atirar com uma arma, como suturar um ferimento, já precisei pesquisar sobre diversas doenças, venenos, e conheço gente que já pesquisou coisas ainda mais tenebrosas como, por exemplo, um autor do Nyah pesquisou como ocultar um cadáver! Mas tudo isso é válido para deixar nossa história mais bem elaborada, não? Então aposte nas pesquisas, sempre tendo o cuidado com a veracidade da fonte que você está lendo, faça anotações importantes, salve fotos para usar como referência, faça um tour no street view do google maps, enfim!

Quer um incentivo legal? Nora Roberts, conceituada escritora norte-americana e uma das maiores bestsellers do século XX tem medo de viajar, ela faz pesquisas sobre alguns lugares onde seus livros se ambientam no google maps. E através das fotos, se orienta para escrever. (não lembro onde li isso, mas lembro que fiquei bem surpresa).

Prática X Inspiração


Agora a gente vai conversar sobre a diferença entre prática e inspiração, também falarei sobre o conhecido - e temido - bloqueio criativo. Quem nunca, não é?

Para começar, escrever, como alguém já disse, "é 1% inspiração e 99% transpiração", não adianta usar aquela desculpa de "não tenho ânimo", "fugiram as ideias" ou "estou com bloqueio". A primeira coisa que você precisa ter em mente é que bloqueio criativo não existe. Tá, eu sei que isso é maluco, calma, vou explicar. O vencedor do prêmio Jabuti, Sidney Rocha, o pernambucano Cícero Belmar e o grande Stephen King são defensores dessa teoria, o que falta para o autor é PLANEJAMENTO e PRÁTICA, essa é a causa do bloqueio criativo, a frustração de não saber como continuar que acarreta a preguiça de escrever.

Stephen King e seu discípulo Neil Gaiman são a favor do "parágrafo diário", mesmo que você ache que fez uma total porcaria, deixe lá, o que vale realmente no exercício é você estabelecer uma meta de palavras diárias e cumpri-la todos os dias, estando ou não com vontade de escrever depois você vai lá e arruma, refaz. O mês nacional de escrever novela ou nanowrimo (National Novel Writing Month) é um desafio anual competente - e muito difícil - de escrever 50 mil palavras por mês, o equivalente a 1667 palavras por dia. O objetivo desse desafio é propor disciplina nos autores e você vai ver que essa disciplina  acaba de vez com essa desculpa do bloqueio criativo.

Para abrilhantar ainda mais esse post, leia Nesse link o post que eu fiz com as dicas de escrita desses autores pernambucanos premiados que são valiosíssimas e, se postas em prática, vão mudar totalmente o seu jeito de escrever! Vocês vão ver coisas que eu já disse aqui, mas que não custa revisar ;) imagine que a prática de escrever é como um jogo de videogame, você começa sem saber nada sobre a história, rodando porque não sabe onde o personagem tem que ir ou o que tem que fazer, mas pelo método tentativa e erro acaba avançando as fases e, conforme avança, vai descobrindo a história, do mesmo modo a prática da escrita flui, inicialmente é difícil conseguir cumprir as metas, elaborar o planejamento, forçar-se a escrever quando você queria estar na netflix, mas com o tempo e as "fases" passando, você vai percebendo que se torna mais fácil e, ainda mais, que o planejamento vai te livrando de um sufoco sem precedentes!

Então, nada de ficar enrolando aí, senta o traseiro na cadeira e vá escrever, chefe! U.U


ROTINA DE TRABALHO

É mais que importante ter uma rotina de trabalho. Como eu disse antes, grande parte do tal "bloqueio criativo" que tanta gente fala nada mais é que a falta de um bom planejamento e uma rotina de trabalho rígida.

Muita gente trabalha fora, mas isso não quer dizer que você não vai tirar um tempinho para trabalhar nos seus projetos. Estipule uma meta de palavras ou capítulos por dia e cumpra-as rigorosamente. mesmo que precise reescrever tudo depois, mas isso fará com que escrever se torne algo prazeroso, habitual e realmente levado a sério. É como exercício físico, de início é muito difícil, mas com o tempo se torna natural. É preciso ter em mente que, uma vez que você pretende levar o processo de escrever a sério, além de um simples hobby, você se compromete a cumprir prazos, dedicar-se inteiramente ao processo mesmo que isso te faça sacrificar algumas coisas às vezes. Portanto, nada de moleza e nem preguiça, trabalho é todo dia.

Eu, particularmente, escrevo todos os dias por uma a duas horas dependendo do que eu tenho para fazer. Mas me comprometo a escrever, pelo menos, duas mil palavras por dia. Então, veja de acordo com o seu horário e seus compromissos, quanto por dia você pode tirar para escrever e separe esse horário religiosamente para isso. Como dito no post 7 passos para a escrita do romance, use de aplicativos como o pomodoro para manter o foco no trabalho e desligue o celular, nada de ficar checando o whatsapp a cada minuto! U.U

PROGRAMAS ÚTEIS

Outra coisa muito legal que eu quero falar nesse post são programas muito legais que podem auxiliar na hora de trabalhar. Todo mundo conhece o word, é a ferramenta queridinha da maioria das pessoas que eu conheço, eu mesma só consigo usar ele para trabalhar, mas há muitos programas bons para organizar as histórias e até mesmo para escrever e vale a pena apresentá-los se não como uma ferramenta para escrever toda a história, mas pelo menos para organizá-la. Lembrando que é sempre bom manter um registro escrito da sua organização e do seu planejamento - nunca se sabe, né?- então, vamos lá.

SCRIVENER: Há quem diga que o srivener é a melhor ferramenta para se trabalhar, o programa mais completo para autores. Infelizmente ele não tem uma free version, você pode baixar o trial de 30 dias para teste ou pagar uma taxa (se não me engano é 90 ou 120 reais) e tê-lo para sempre. Eu baixei a versão trial para ver como era já que muita gente recomendava o programa e, particularmente, ele não funcionou comigo. Achei a ferramenta complicada de mexer e, além de tudo, pesado. Embora realmente seja um programa bem completo e se você tem um espaço sobrando muito no pc ou se tem um processador realmente rápido talvez valha a pena - os doramas não me permitem hehehe - não funcionou comigo, mas não significa que seja um programa ruim, a minha experiência com ele não foi boa, mas a sua pode ser diferente. O jeito é baixar e testar.

LIBRE OFFICE: Eu uso o libre office para converter os documentos em PDF, ao contrário de outros conversores online ele mantem a formatação que você colocar no word, como letras capitulares elaboradas, imagens e fontes mais exigentes. Apesar de ser bem parecido com o word, infelizmente no meu computador ele pesa um pouquinho, tornando meio devagar para carregar, mas é um pacote muito bom para se ter no pc, não conflitua com o office e é muito útil e fácil para converter os documentos para PDF.
Há uma amiga minha que só consegue trabalhar com ele, eu particularmente já estou tão acostumada com o word que realmente não consigo escrever em outro programa que não ele.


YWRITER: Eu descobri o ywriter em uma discussão no grupo do Nyah no facebook, ele foi muito bem recomendado e eu baixei para testar. O programa é bem leve, um excelente organizador para cenas, sinopses, personagens, realmente vale muito a pena baixar. O único contra que eu achei nele é que além de criar uma pasta para cada história você tem pouca liberdade para manipular e formatar. Então, eu o uso mais como um suporte organizador do que propriamente como uma ferramenta para trabalhar, embora haja quem prefira trabalhar com a dinâmica de deixar os capítulos divididos por cenas e tals. Não funciona comigo, mas é realmente excelente para organizar!


CALIBRE: Ao contrário dos anteriores, o Calibre não é para escrever, ele é um conversor completíssimo para documentos. Uso ele para converter meus arquivos em epub, mobi ou qualquer outro formato que eu precise. Ele é leve, rápido, fácil de usar e muito prático quando você precisa colocar livros no celular ou no tablet, eu realmente adoro esse programinha. Só não aconselho muito a conversão de word para PDF porque perde a formatação, mas para os outros formatos ele é ótimo!


JDARKROOM - Esse é para aquelas pessoas que tem problemas de concentração e vivem mexendo no facebook, twitter ou em qualquer outra coisa enquanto escreve! JDarkRoom é um editor de arquivo de texto popular, simples em tela cheia com nenhum dos sinos e assobios habituais que possam distraí-lo do trabalho na mão. Se você estiver escrevendo um discurso, novela, ensaio, tese ou só precisa ser capaz de se concentrar em sua escrita, então JDarkRoom pode ajudá-lo. Eu já usei esse aplicativo, ele é uma versão free do zenwriter, apesar de ser um aplicativo maravilhoso, o zenwriter é pago, se você pode pagar eu super recomendo, além de um design lindo ele vem com músicas bem zen para relaxar enquanto você trabalha! Vale a pena. Caso não, o Jdark pode ser uma opção mais em conta e com a mesma eficácia.

FOCUS WRITER - Essa é uma versão personalizável do programa anterior. FocusWriter é um programa de tela cheia, processador de texto livre de distrações projetado para mergulhá-lo, tanto quanto possível em seu trabalho. O programa salva automaticamente o seu progresso, e recarrega os últimos arquivos que você tinha aberto para tornar mais fácil para saltar de volta durante a sua próxima sessão de escrita, e tem muitas outras características que o tornam de tal forma que apenas uma coisa importa: sua escrita. Você pode personalizar a imagem de fundo e ele conta com algumas ferramentas a mais do que o Jdark. Então se o problema é concentração, acabou a desculpa!

É isso por enquanto, gente! Essa semana eu vou ficar um pouquinho ocupada, mas logo volto com a resenha de outro livro e com mais dicas de escrita pra vocês! Até a próxima!

segunda-feira, 14 de maio de 2018

[Escrita] Sinopse, Diálogos e Título

Olá, pessoas, continuando com essa série de posts sobre o processo de escrita hoje eu falar um pouco da construção do título, da sinopse, dos diálogos e da adequação da linguagem mais ou menos como eu construo. Lembrando que esses posts não são uma receita, são um caminho para ajudar pessoas que estão começando agora ou que não sabem como começar. O post de hoje é uma versão atualizada do que estava no meu blog, principalmente porque tenho visto a dificuldade da maioria dos autores que tenho analisado ultimamente com essas questões, vou procurar ser cuidadosa e espero que isso os ajude e, sobretudo, seja útil. Então, sem mais delongas, vamos nessa.

TÍTULO

Há quem diga que o título é a última coisa que o autor escolhe para a história, bem, eu sou o contrário disso, sem um título eu não consigo escrever, não consigo visualizar nada, então, o título é uma das primeiras coisas que  escolho, mesmo que  vá mudar depois, mas  preciso ter alguma coisa em que me pegar para decidir o rumo dos acontecimentos e o tipo de história com a qual estou mexendo. Isso pode parecer uma bobagem, mas é uma das partes que me dá mais trabalho de escolher, acho que é por isso também que  penso primeiro, porque é complicado você escolher um título que se encaixe perfeitamente com a história que você mentalizou, tenha em mente que o título é a primeira mensagem que o leitor vai ter da sua história, aquilo que vai chamar atenção primeiro e fazer com que ele tire o exemplar da estante para ler a sinopse.

Dependendo do tipo de história  eu escolho um título que enquadre o enredo todo, parcialmente ou que metaforize alguma coisa da história. Deixe-me exemplificar para que fique mais claro:
Sombras ao Sol e Avalanche são títulos metafóricos, eles não representam algo que acontece literalmente na história, é preciso ler e entender a metáfora por trás do título que pode ou não ser explicada no enredo.

Conto de Falhas e Um Novo Começo por exemplo já são títulos que cobrem todo o enredo, eles são parte constante das histórias que representam, no primeiro deixo claro que vou tratar de uma história cujos acontecimentos não vão ser dos mais felizes para sempre e no segundo uma história onde os personagens vão passar por provações e vão conseguir superar. São o que eu chamo de títulos chave.

Claro que cada um trabalha de uma forma, há autores que deixam para "batizar" o livro depois que termina, isso é de cada um, se  posso dar alguma dica para a escolha do título eu digo que escolha, de preferência, uma palavra ou uma pequena frase que passe a mensagem do seu enredo, do seu personagem principal ou que metaforize de alguma forma sua mensagem. A saga Crepúsculo é um exemplo ótimo de títulos metafóricos.

SINOPSE

Assim como o título dá ao leitor a primeira mensagem do livro, a sinopse se encarrega de terminar o trabalho, é ela que vai seduzir o leitor ao ponto de ele abrir o livro para descobrir o que acontece. e tal qual o título não é nada simples de fazer, pode ser tão desafiador quanto. Essa é uma verdade cruel, mas alguns editores e mesmo leitores leem apenas a sinopse da sua história para decidir se vão mergulhar no seu original ou não. Então, escrever uma sinopse que conduza o editor e o leitor para dentro do seu universo é um grande exercício e um momento sensível na construção da sua obra.

Ao contrário do que  faço com o título, eu só me preocupo com a sinopse se eu for postar a história em algum lugar, geralmente para livros eu deixo para escrevê-la quando está terminada. E, às vezes, levo horas fazendo, porque precisa ser sucinta, misteriosa, comovente e atraente o que não é mole de escrever. O objetivo principal da sinopse é resumir a sua história de uma forma atraente e para isso quase todo recurso é válido, usar uma parte do livro, mesclar uma frase do livro com um resumo, mas sobretudo, dizer POR QUE o leitor tem que levar aquele livro com ele.

Sinopses devem ter entre 100-200 palavras. Sinopses muito grandes podem dizer demasiado sobre a história e sinopses de duas frases podem não dizer o suficiente. Trata-se de saber que informação colocar e onde. Para isso, James Scott Bell dedicou um capítulo no seu livro: How to write Great Fiction: Plot & Structure onde coloca umas quantas questões e ainda um modelo.

Vamos abordar algumas questões/tópicos que todos os autores podem colocar antes de começar a escrever a sinopse, que ajudam a sintetizar na hora de escrever o texto. A sinopse modelo foi inventada para este artigo, seguindo os seguintes pontos:

– Personagem principal
– Onde a ação se passa
– Qual o objectivo da personagem principal OU
– O que preocupa a personagem principal
– Quem é o antagonista (não é obrigatório ser uma pessoa pode ser o conflito)
– A questão principal da história
– A frase final: o que é que eu quero que os meus leitores sintam ao ler o meu livro

A personagem principal é o normal, até podemos dar um bocado a conhecer da personagem se tiver algo a ver com a história, por exemplo:
Mariana era uma estudante pronta a entrar para o curso que sempre quis.

Sabemos o nome, o que a personagem faz e o que ela conseguiu até agora.
Numa cidade nova e longe de casa, Mariana tem dificuldades em fazer novos amigos. Até conhecer Pedro, o seu vizinho do lado que insiste em colocar música gótica todos os sábado às 8 da manhã.

Aqui temos um bocado de contexto, onde a acção se passa e conhecemos uma segunda personagem que vai dar origem ao conflito.
Pedro está a tentar passar à mesma cadeira há dois anos, mas quando uma rapariga lhe toca à porta para baixar o volume, Pedro encontra a sua oportunidade para passar às cadeiras que o estão a atrasar. Mariana só se apercebe que aceitou dar explicações a um rapaz mais velho que ela quando mais tarde ele toca à sua porta de casa. Agora só tem de se concentrar em não se perder naqueles olhos verdes e continuar a ter boas notas.

O autor decide mostrar o que vai originar o conflito e o rumo da história para o leitor saber o que esperar destas duas personagens.
Mas Pedro vai-lhe mostrar que há muito mais nesta vida que pensar só em notas e exames e mostra-lhe que a vida é para ser vivida e aproveitada.

O autor fala mais sobre o propósito da história, nos temas que poderão ser abordados. Contudo nem todas as plots mostram temas. Para os criadores da série de South Park uma forma de criar uma plot é dando uso às palavras mas ou portanto, criando assim uma reação entre partes da estrutura. O que pode ajudar na elaboração de uma sinopse pequena mesmo quando não temos a certeza se estamos a cumprir estes últimos pontos. Como se vê no texto, o autor hipotético utilizou a palavras “mas” para mostrar uma adversidade que as personagens poderão encontrar na história.

Um livro sobre o amor e de como duas pessoas tão distintas conseguem encontrar algo de bom em conjunto.
Esta última frase serve para falar mais um pouco sobre o objectivo da história para o leitor saber o tema principal ou até mesmo o gênero. O autor pode dizer que o seu livro é uma história divertida, bem-humorada como pode ser uma reflexão sobre o tema do amor, das relações pessoais e da importância da comunicação numa relação, tal como pode ser uma história sobre os estereótipos sofridos por parte das pessoas.

Convém ainda que a frase final não seja enigmática ou levante questões, mas que diga o tom se houver algo a acrescentar. Não convém deixar dúvidas ao leitor antes dele começar a ler o livro. O mistério e a quantidade de informação que omitimos ao leitor tem de ser faseada e não cair no extremo de despejar informação ou então esconder tanta que o leitor fique confuso em relação à história.

Aqui vai outro exemplo de sinopse bem construída:
Julieta Capuleto não tirou a própria vida. Ela foi assassinada pela pessoa em quem mais confiava, seu marido, Romeu Montecchio, que fez o sacrifício para assegurar sua imortalidade. Mas Romeu não imaginou que Julieta também teria vida eterna e se tornaria uma agente dos Embaixadores da Luz.
Por setecentos anos, Julieta lutou para preservar o amor e as vidas de inocentes, enquanto Romeu tinha por fim destruir o coração humano. (Julieta Imortal - Stacey Jay)

DIÁLOGOS

Diálogo não é fazer um personagem conversar com o outro!

Bem, chegamos ao ponto crítico do post. Essa eu acho que você ainda não sabia! Segundo André Vianco, escritor e roteirista brasileiro: "Um bom diálogo não é colocar seus personagens para conversar. Você precisa escolher uma boa caraterização para o seu personagem e será o caráter dele que o fará falar e agir na sua história."

Escrever diálogos é uma coisa complicada que faz com que sinopse e título pareçam brincadeira, isso porque não apenas precisamos inseri-los de maneira cabível no texto, mas como no tempo e na forma certa. Eu não me considero apta a falar disso, vou dizer aqui apenas o que eu acho e o que eu faço com eles.

A primeira coisa a fazer é saber como assinalar os parágrafos. Tem gente, principalmente em fanfic, que faz uma verdadeira rebelião! O correto é usar aspas /""/ ou travessão /—/ e essa coisa de usar aspas no diálogo é muito "estrangeira", li um livro da Paula Pimenta assim e detestei essa separação. Mas em alguns pontos ela é válida dependendo do contexto em que é encaixada e de qual voz é dada ao narrador da história.

Basicamente, o diálogo cumpre o objetivo de promover a interação entre as personagens, refletir sua personalidade e acrescentar aquilo que a narração não dá conta de acrescentar sozinha. Além de dar rumo ao enredo, fazer com que a história "ande". Se você alguma vez já leu algum diálogo de Platão sabe que é muito estranho ler um texto só formado por diálogos sem nenhum tipo de acréscimo, isso porque o diálogo é uma parte extra do enredo, mas cada autor é um autor. Basicamente há 3 tipos de diálogo, vamos conhecê-los:

Discurso direto: Esse é o que eu frequentemente uso, acho que é o mais comum, aquele cuja interação entre as personagens ocorre de forma prática e sem muitos rodeios;

— Ouça, não é o momento de revelar a verdade, apenas precisa confiar em mim, Anelliese.
— Confiar em você? Ora, não seja ridículo! 
— É a sua única chance.
— De que? Se eu gritar agora meu pai virá até aqui e antes mesmo do que pensa você estará morto!
— Vá por mim, não será a primeira vez.
— O que? — Ela ficou chocada.
— Vamos, não seja teimosa e me deixe leva-la para casa em segurança.
— Eu não preciso de você para nada, mantenha distancia de mim ou eu mesma mato você!

Discurso indireto: é definido como o registro da fala da personagem sob influência por parte do narrador. Nesse tipo de discurso, os tempos verbais são modificados para que haja entendimento quanto à pessoa que fala. Além disso, costuma-se citar o nome de quem proferiu a fala ou fazer algum tipo de referência. Neste tipo de discurso narrativo o narrador interfere na fala da personagem. Este conta aos leitores o que a personagem disse, no entanto o faz na 3ª pessoa. As palavras da personagem não são reproduzidas, e sim "traduzidas" na linguagem do narrador. Também é sem travessão. No fundo são apenas a junção dos dois modos verbais. A pessoa não pergunta de verdade, é o narrador que faz a pergunta com o nome do personagem.

"Dona Abigail sentou-se na cama, sobressaltada, acordou o marido e disse que havia sonhado que iria faltar feijão. Não era a primeira vez que esta cena ocorria. Dona Abigail consciente de seus afazeres de dona-de-casa vivia constantemente atormentada por pesadelos desse gênero. E de outros gêneros, quase todos alimentícios." (O sonho do feijão), Carlos Eduardo Novaes.

Discurso indireto livre: é uma modalidade de técnica narrativa, resultante da mistura dos discursos direto e indireto, sendo um processo de grande efeito estilístico.

Por meio dele, o narrador pode não apenas reproduzir indiretamente as falas dos personagens, mas também o que eles não dizem como pensamentos e sentimentos, além de poder incluir ideias do próprio narrador, trazendo ambiguidade e riqueza de sentido ao texto. Assim, o discurso indireto livre corresponde à fala ou ao monólogo interior dos personagens, porém expresso pelo narrador (característica do discurso indireto) e reproduzidos na forma como os personagens diriam (característica do discurso direto), podendo ou não conter juízo do narrador. Ocorre quando a fala do personagem se confunde com a narração, tanto no conteúdo, quanto na forma. Por isso, o comentário do personagem surge sem secção, isto é, sem estar claramente separado das palavras do narrador, ao contrário do que ocorre no discurso direto, por exemplo, no qual se utilizam travessão, dois pontos, aspas etc. Comumente, o discurso indireto livre aparece entremeado com o discurso indireto.

As orações do discurso indireto livre são, em regra, independentes, podendo ter ou não verbos bonitos de elocução (também chamados de verbos dicendi). Quando os possui, fica mais nítido que a frase não é do narrador, mas sim do personagem. Em geral, ele ocorre com foco narrativo em terceira pessoa, mas é possível o uso da primeira. Esse discurso é muito empregado na narrativa moderna, pela fluência e ritmo que confere ao texto

"Aperto o copo na mão. Quando Lorena sacode a bola de vidro a neve sobe tão leve. Rodopia flutuante e depois vai caindo no telhado, na cerca e na menininha de capuz vermelho. Então ela sacode de novo. 'Assim tenho neve o ano inteiro'. Mas por que neve o ano inteiro? Onde é que tem neve aqui? Acha lindo a neve. Uma enjoada. Trinco a pedra de gelo nos dentes." (As Meninas), Lygia Fagundes Telles.

Se o enredo for bem trabalhado, os diálogos serão postos apenas como um adicional específico do enredo, para promover a interação dos personagens, para acentuar a personalidade ou vivificar uma determinada cena. Eu normalmente opto pelo discurso direto, isso varia bastante do tipo de narrador que você usa, um narrador em primeira pessoa - dependendo de quem seja - dificilmente saberá o que se passa na mente da outra personagem, ela pode deduzir apenas. É algo a que se deve estar bem atento. Para mim, é meio natural, eu sei quando devo colocar determinada parte na fala da personagem e determinada parte na narrativa. Há o cuidado de não colocar diálogos inúteis, deixar o personagem falar o que ele realmente precisa falar e não obrigatoriamente precisar falar alguma coisa sem necessidade.

— Por que você falou comigo? — Perguntou antes de ir embora.
— Você é minha parceira de química. — Sorri, mas vi uma tristeza em seu olhar que me fez sentir um imbecil. — E porque sempre te achei interessante. — Emendei imediatamente.
— Sempre? — Ela me lançou um olhar incrédulo. — Não achei que alguém me notasse.
— Pensei que você me odiava.
— Por que eu odiaria você? — Ela parecia confusa. — Você nunca me fez nada.
— Não sei, soa meio estranho… mas achava que você pensava que eu era um idiota.
— Bem, se te consola, não sou inteligente como você pensa. E sei que você é ótimo em matemática, o que já é muito para um capitão de futebol.

Esse é um diálogo de Dear Diary, é comum quando eu estou escrevendo colocar na fala da personagem aquilo que é pertinente dela e alguma observação do narrador depois, geralmente isso é uma emoção, um pensamento, um sentimento, algo do tipo. Como no caso acima a narração é em primeira pessoa, o narrador em questão só podia deduzir o que acontecia com a companheira de conversa como é visível nesse trecho: — Por que eu odiaria você? — Ela parecia confusa. — Você nunca me fez nada. Michael não tem certeza se ela está confusa, é uma dedução através da expressão facial dela. Ele só pode fazer conclusões sobre si mesmo.

— Ei, seu amigo de meia tigela! Fica fazendo sala para sua convidada e se esquece de mim não é?
— Oi, Hay! — Ele riu dando um beijo no seu rosto e tentando evitar a decepção pela partida de Nicole. — Desculpe... Eu tive que intervir antes de ela sair correndo. E no fim de tudo ela foi do mesmo jeito.
— Qual é a dela, hein? Parecia um animalzinho assustado, tão bonitinha! — Hayla falou em tom doce e animado.
— Não é? — Bella concordou lembrando-se do jeito retraído da amiga de Adam.
— Ela só... É muito tímida... Mas não existe pessoa mais incrível que a Nicole... Ela é... Fantástica!
— Hum... Tem alguém apaixonado! — Hayla riu dando uma leve cotovelada no amigo, mas com um pensamento de preocupação escondido no fundo da mente.
— Tá, fiquei enciumada agora! Eu era a pessoa mais incrível que você conhecia! — Bella falou em tom de brincadeira, fingindo indignação.
— O Alex não tem noção da sorte que tem e fica magoando a Nic com aquele ciúme doentio dele.
— Pelo visto, se o ciúme é de você ele tem sérias razões para se preocupar, não é? — Hayla riu. — Lindo, charmoso, cavalheiro e perdidamente apaixonado. Não sei quem tem mais sorte ele ou ela!

Isso é um diálogo de Avalanche. Nesse caso, a gente vê que a narração em terceira pessoa permite que o narrador diga não apenas o que os personagens falam, mas o que eles pensam. Nenhum deles fala mais que o necessário para a interação e para montar a cena. Essa coisa de diálogo é difícil, se algo não ficou claro perguntem. No vídeo abaixo, curtinho de apenas um minuto, o escritor Paulo Santoro dá umas dicas úteis para a construção de diálogos eficientes:


Recomendo fortemente esse do Ficçomos também! https://www.youtube.com/watch?v=Bk1tjeUqb2s

ADEQUAÇÃO DA LINGUAGEM

Chegamos ao último tópico do post e não menos importantes, é um tópico chave, pelo menos pra mim. Adequar a linguagem dos personagens é algo que eu julgo como muito pertinente em cada livro. Não que isso se use muito, mas eu acho uma jogada muito interessante não apenas para dar um quê na história, mas para gerar aquele clima de intimidade e ainda ajudar a melhorar nosso vocabulário.

Acho (veja que isso é uma opinião minha) que a personagem precisa se adaptar a época em que vive, e isso deve ser explicitado não somente na narração, mas nos diálogos também. Sempre que me deparo com uma ficção histórica em que as personagens falam como se estivessem no centro da cidade fico me perguntando que estranha fusão de séculos é aquela. Ninguém no século XVI falava "vamos dar uma voltinha". Isso é só um exemplo, okay?

Admito que exagerei um pouco quando escrevi Sleeping Beauty, a linguagem ficou um pouco inacessível e eu só senti isso quando minha mãe leu e não conseguia entender metade dos diálogos (rsrsrs) ou quando a filha de uma amiga da minha irmã disse que lia com um dicionário do lado. Claro que as palavras podem variar conforme são empregadas, mas eu costumo usar um dicionário para averiguar sempre as palavras "novas" antes de empregá-las.

 Princesa Aurora.  Ele se curvou.
 Príncipe Felipe.  Fiz uma reverência pronunciando as palavras com impessoalidade.
 Como tens passado?
 Bem, quanto a vós?
 Igualmente bem. É bom revê-la.
 Não há necessidade em forçar uma cortesia que não sente, alteza.  Esperei que minha voz não tivesse soado tão fria quanto  senti que soou.
 A que se refere?  Ele me fitou um pouco constrangido.
 Achas que sou tola?  Inquiri, um tanto irritada.  Posso ser demasiado jovem, mas sei muito bem quando me são indiferentes.
 Peço perdão se a ofendi, princesa.  Ele desculpou-se, mas senti pouca sinceridade em sua voz.
 Não há necessidade de desculpar-se, tampouco precisa redimir-se. Apenas una-se a quem de fato deseja sua companhia.

Esse é um dos diálogos mais simples do livro, mas vê como as palavras se adequam à época. Não pesquisei a fundo sobre isso, era mais pela leitura e pelos filmes mesmo, as pessoas dessa época tinham apreço pela leitura, eram de uma "cultura superior", e até mesmo  os menos favorecidos que eram próximos às elites, como serventes, tinham por tendência copiar os hábitos de fala dos mais cultos mesmo que não soubessem ler. O diálogo dos personagens, quando se adequa à época em que estão inseridos faz uma comunhão maior com quem lê porque torna mais fácil imergir naquele mundo, é o que eu sinto quando leio Jane Austen, consigo me transportar para o século XVIII, para o meio daquelas pessoas suaves e cujos conflitos ocultos eram limitados aos solilóquios e corações agitados. 

Como o post já ficou bem maior do que eu pensei, vou terminá-lo por aqui.

Até a próxima!

Referências:
http://www.todamateria.com.br/discurso-direto-indireto-e-indireto-livre/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Di%C3%A1logo
https://virarapaginaeditora.wordpress.com/blog/ 

terça-feira, 8 de maio de 2018

[Escrita] Quem e como fala?

Olá, povo!

Como no último post eu falei dos elementos pré-texto hoje a gente vai aprofundar um pouco a questão dos personagens e falar um pouco sobre a voz -1ª, 2ª ou 3ª. Só lembrando que eu não sou nenhuma especialista nem nada, o que eu escrevo aqui é puramente minha própria experiência e algumas pesquisas de apoio que eu faço para os posts, okay? Então, vamos lá, pega um lanche que o post vai ficar grande!


OS PERSONAGENS

Para mim, uma das coisas mais difíceis é criar personagens. Isso porque não é simplesmente uma pessoa que faz uma ação, mas é a pessoa que vive aquilo que você idealizou e, como tal, ela precisa representar essa história, ter uma vida própria e uma personalidade que gere empatia - que é o mais difícil - ou pelo menos simpatia ao leitor. O mesmo acontece com os antagonistas que tem como intuito gerar o sentimento contrário. Esse despertar de sentimentos no leitor é o que eu acho mais complicado de reproduzir, porque criar um personagem marcante, que realmente faça ele sentir alguma coisa é especialmente complicado, por isso é necessário trabalhar os personagens com uma atenção especial.

Como eu mostrei no post passado, eu faço uma ficha do personagem bem simples, além de ser mais viável para mover na história caso eu precise rever algum detalhe, eu vou ter sempre em mãos um esboço prático de quem é o meu personagem. Bem no comecinho eu criava apenas criaturas sem muita vontade própria que se moviam conforme o acontecimento ou conforme eu agiria no seu lugar. O primeiro personagem que eu criei realmente alheio a mim mesma foi a Anelliese de Free e incrivelmente em 2012! Ela é um personagem que se move de acordo com a sua vontade, toma suas próprias decisões sem que eu a manipule, eu sei quem ela é e durante todo o processo de criação eu podia saber o que ela faria a cada acontecimento e que caminho ela escolheria independente da minha própria vontade, mas eu levei anos para conseguir isso (Considerando que eu comecei a escrever com 7 anos) e decorreu de muita prática e leitura constante.

O primeiro passo é você ver como os personagens dos livros que você mais gosta se movem, como eles vivem as histórias que você queria viver, o que eles tem que você precisa criar. O processo de escrever é, como disse Austen Kleon: "roubar uma ideia e torná-la algo inédito à sua própria maneira." O segundo passo é entender que o seu personagem, apesar de uma criação sua, é uma pessoa totalmente desvinculada de você, ele tem seu próprio pensamento e sua própria maneira de agir, é um ser independente. No momento que você puser isso em mente vai perceber o processo de criar uma personagem com outros olhos. Vejam que eu nunca disse que seria fácil, só disse o que eu faço. Isso requer muita prática e o velho método de tentativa e erro.

Vejam um exemplo de uma ficha de personagem minha preenchida:

Livro: ROMEO
Nome: Juliane Simons
Data de Nascimento: 1985/10/17 (23 anos)
Data de Transformação: -
Local de origem: Tennessee
Cor do Cabelo: Ruivo
Cor dos Olhos: Azuis
Altura: 1,67
Descrição Física: Magra, longos cabelos ondulados que descem até mais ou menos a linha da cintura, o rosto é arrendondado com olhos grandes e expressivos, lábios cheios e boca pequena. O nariz é relativamente afinado conferindo ao rosto um aspecto delicado e, ao mesmo tempo, levemente atrevido. As sobrancelhas são arqueadas e os cílios longos.
Habilidades especiais: -
Educação/Ocupação: Formou-se em literatura na Universidade de Harvard. É professora.
Hobbies: Ler
Veículo: -
Relacionamento de família/clã:É filha de Fabian Simons, que foi assassinada quando Julie ainda era criança, e Patrick James. Mora com a companheira de faculdade e melhor amiga Judith Scott.
História Pessoal: Julie nasceu em Unsun (cidade fictícia) no Tennessee, filha de uma artesã e um advogado. Aos oito anos encontrou a mãe morta sob uma poça de sangue na cozinha de casa, o pai entregou-a para uma tia em Chicago, apesar do que aconteceu ela nunca questionou o passado e cresceu detestando o pai que sequer ligava para o que acontecia com ela. Formou-se em literatura na universidade de Harvard onde conheceu Judith Scott, uma inglesa cheia de vida que convidou-a para dividir o apartamento. Quando recebeu a notícia do acidente do pai com possibilidade de morte, Julie viaja para Unsun e dessa vez, diante das perseguições e mistérios que rondam a cidade, ela se propõe a descobrir o que esconde por trás da morte da mãe.
Julie é uma personagem obstinada, meio teimosa e que convive com um medo muito grande de que pessoas se machuquem por sua causa por isso vive superprotegendo todos à sua volta. É um pouco indecisa e tem o péssimo hábito de achar que pode fazer tudo sozinha.

Há várias listas de personagem na internet, essa que eu uso é uma simplificação de uma que achei sem querer nas minhas pesquisas. Recomendo essa outra aqui clique aqui. Vocês podem pesquisar por outras caso essas não supram suas necessidades.

Dá para ver que é um resumo bem sucinto da personagem, a personalidade dela é algo que se molda na minha mente e nos meus dedos conforme eu vou colocando-a no meio dos acontecimentos. Mas eu sei quem ela é, o que ela faria ou fará em cada situação e isso me possibilita movê-la de acordo com a vontade dela, mas isso requereu muita prática e livros e mais livros de tentativas meio frustradas. Como mencionei, um exercício muito bom é escrever com um personagem do sexo oposto. A primeira vez que eu fiz isso foi na também saga Free, com o par de Anelliese, Ferdinan, que tinha voz no enredo, quando você dá voz à uma personagem com sexo oposto ao seu consegue desprender-se um pouco de si mesmo porque sabe que o outro sexo não agirá do mesmo modo que você, ele tem ações e pensamentos diferentes do seu gênero. Uma das minhas missões mais recentes com esse tipo de linguagem mista foi em Powerfull que escrevi como co-autora. Eu era responsável pela voz de Matt e Sharon meu casal na trama de 6 personagens. Acompanhe um trecho diferencial de vozes para ambos:
Maldito pneu! Justo agora tinha que estourar? Pensei enquanto permanecia na cadeira do fundo do ônibus desfrutando das músicas nos meus fones de ouvido. Em uma das poltronas do meio, estava ela. Jessica Mountbatten. Ela estava a viagem toda dando olhadas não muito amigáveis na minha direção, provavelmente nossos santos não se comunicaram muito bem à primeira vista, por mais que eu tentasse ignorá-la para manter a calma ela insistia. Aquilo definitivamente não ia prestar. Ela era demasiado bonita, os cabelos castanhos longos ondulados nas pontas, o rosto típico de uma patricinha americana, mas até que era estilosa, menos mal. Aquilo diminuía minha vontade de vomitar. A nossa chegada ao instituto provavelmente atrasaria em meia hora ou mais, decidi tomar um pouco de ar como a maioria dos esquisitões dentro do ônibus estava fazendo. Havíamos parado em uma estrada de Londres, de um lado floresta e do outro... Bem, do outro também. Era ladeada por enormes árvores e depressões, eu tinha de admitir que era um lugar lindo.
Para minha sorte todos ali eram um conjunto de nerds com QI acima de 190, então não haveria bullying por conta de diferenças intelectuais, em contra partida, talvez as nossas discussões pudessem ser mais interessantes se contarmos com o ponto de vista de todos nós podermos fazer algo que a maioria das pessoas não pode. Enquanto eu observava a paisagem e tentava me concentrar na pureza do oxigênio que invadia minhas narinas ele se aproximou. Nome, Mathew Iron. Habilidade: velocidade sobre humana. Não era o tipo de pessoa com a qual eu me relacionava, na verdade eu não me relacionava com ninguém – Careta. - ele era bonito, os cabelos castanhos levemente desalinhados, usava óculos, o que eu admitia achar um charme, um rosto afilado e era de certa forma forte, mas não o bastante para parecer um armário com pernas. (Sharon)
 Sharon é uma personagem meio arrogante, totalmente geniosa, antissocial e introvertida. Ela tem uma segurança exagerada de si mesma por causa de todos os impactos que sofreu no passado. Ela foi uma criação minha para a história, assim como o Matt foi a criação de um leitor cuja personalidade eu moldei de acordo com a ficha que ele enviou (era uma fic interativa). Então veja um dos diálogos dele:
Foi tudo tão rápido, quando pisquei os olhos Sharon e Jessica estavam suspensas no ar em uma briga para garoto nenhum colocar defeito ambas eram absurdamente poderosas e eu fiquei ainda mais perplexo e encantado por aquela loira marrenta. Calleb e Carl levaram Jessica para o ônibus, aparentemente ela não estava ferida, mas ainda estava desacordada. Não demorou muito mais que vinte minutos para que o pneu fosse trocado e continuássemos nossa viagem rumo ao instituto, Sharon ainda permanecia no mesmo lugar ouvindo músicas pelo fone e com os olhos fechados como se não tivesse acontecido absolutamente nada.
Eu observava os demais dentro do ônibus, Calleb dormia a maior parte do tempo, Lauren permanecia quieta, mas eu deduzi que não havia uma só gotícula de suor que seus belíssimos olhos não estivessem vendo, Andrew era um prolixo nato e pelo pouco que pude observar de Jessica ela era muito simpática e ativa, o que eu não conseguia entender era o que ela tinha contra a Sharon, eu observei a garota o caminho inteiro, ela não deu uma única palavra com ninguém, ficava parecendo uma estátua olhando pela janela enquanto ouvia sabe-se Deus o que. De qualquer forma a convivência entre nós estava prometendo! (Matt)
Conseguem perceber a diferença de linguagem entre eles? O modo como falam e pensam é diferente e de acordo com a personalidade deles. Matt é mais alegre e ativo que Sharon, por ter tido um passado relativamente melhor que o dela seu comportamento é como o de um garoto normal, sociável, cheio de energia e feromônios. Mover essa diferença entre os personagens é um desafio que precisa ser praticado diariamente. Na época que escrevi essa fanfic com a outra menina ainda estava aprendendo sobre essas coisas, se você olhar minhas histórias hoje vai ver uma drástica evolução, ainda assim, estou sempre aprendendo.

Exercício:

  • Considere a seguinte situação: 
Não via as horas. O tempo  parecia ter deixado de existir ou se resumido naquela existência de exatidão. O relógio deixou de ser importante, não ligava mais para o minuto seguinte. Não doía mais. O mundo se resumia em um montante de palavras que se assomavam na folha branca, a letra garranchada tentando acompanhar o pensamento. Inútil. Não existia pressão, não havia os desejos ou as expectativas de outrem, só as folhas, só as palavras, só seus inseparáveis amigos silenciosos que falavam com o íntimo do seus pensamentos.

O mundo finalmente alinhou-se aos seus sonhos, tornou-se tinta, imprimiu seu mundo, protegeu seu coração. Em um canto da mesa as cartas ainda por abrir, a foto solitária no porta-retrato de vidro e a imaginação que voava solta pelas paredes do quarto branco, simples, sem detalhes demais, tranquilo como seu espírito. Todos os seus medos abrigaram-se do lado de fora da porta de ferro, assim como as pessoas. Os estranhos ali não lhe notavam e os que o faziam não lhe apontavam dedos críticos, não exigiam suas expectativas frustradas, não lhe tratavam como um objeto defeituoso. Para eles, ela era uma pessoa; para ela, no âmago do seu ser escondida na paz da alcova alva, uma criadora.

As palavras eram suas ferramentas, a folha o alicerce de sua construção, o seu mundo, o seu eu. Eram um só, ela e as palavras, naquele mundo de loucos que precisava de abrigo, naquele lugar onde as esperanças pareciam perdidas, naquele campo branco de bonecas feridas, ela encontrara o descanso para seu espírito, a liberdade para suas palavras, a quietude para seu coração, a calma para sua doe, a segurança para os seus medos.

E na clínica de bonecas, com damas de branco e almas dolorosas, uma nova história acabava de ser criada.
  • Reescreva a passagem na voz de um garoto em 1ª pessoa e de uma garota também em 1ª pessoa. Dependendo do seu gênero você vai ver que não é tão fácil quanto pensa principalmente considerando esse enredo incompleto. Mas imagine o que há por trás disso. 

QUEM CONTA A HISTÓRIA?

Criar personagens não é o pior dilema de quem vai escrever uma história, mas é um decidir quem vai contá-la é outra coisa que gera problema. Não dá para dizer qual das vozes é a mais adequada, há coisas que você precisa pesar para decidir em que pessoa contar sua história. Há autores que não conseguem, sob nenhuma hipótese, narrar em 1ª pessoa e outros em 3ª isso varia muito do que te deixa confortável e do que você quer dizer. Particularmente, eu narro dos dois jeitos, normalmente é a história que me pede uma voz ou outra, eu a trabalho inicialmente dos dois jeitos e vejo qual fica mais de acordo com o que eu quero dizer. Para clarear um pouco mais, vamos fazer uma comparação entre as vozes nos aspectos gerais.

Primeira-pessoa (eu)

O narrador é um personagem participante da história. Esse narrador, que pode ou não ser o protagonista, compartilha seus pensamentos e emoções durante a história, mas não conhece (e portanto não pode compartilhar) os pensamentos e emoções de outros personagens. A narrativa na primeira-pessoa aprofunda o conhecimento do leitor sobre o personagem-narrador, já que mostra muito sobre sua personalidade através da forma como ele escolhe narrar os acontecimentos do enredo. Suas falas ganham um status de autenticidade, já que não existe um narrador anônimo intermediando o contato do leitor com o personagem. O foco da narrativa na primeira-pessoa é influenciar o leitor a interpretar a história a partir do ponto de vista deste personagem.
Dom Casmurro, Crepúsculo, O Morro dos Ventos Uivantes e O Pequeno Príncipe usam esse tipo de narrador.

Segunda-pessoa (você)

O narrador reconhece a existência do leitor referindo-se a ele diretamente ou mesmo o tratando como um personagem que deve aceitar seu papel na história passivamente. O foco da narrativa na segunda-pessoa é permitir que o leitor se sinta fazendo parte da história, diminuindo a distância entre ele e o narrador.
Pode-se dizer que As Vantagens de ser Invisível usa esse tipo de narração uma vez que nos sentimos o amigo de Charlie.

Terceira-pessoa (ele)

Nesse ponto de vista, o narrador não participa da história. Ao invés de um personagem, é o próprio escritor quem está contando a história para o leitor. O escritor não precisa se limitar a narrar a partir do ponto de vista de um único personagem e pode mostrar diferentes percepções sobre os acontecimentos do enredo ao longo do texto. O narrador na terceira-pessoa pode ser seletivo (quando expressa onisciência em relação a apenas um personagem) e múltiplo (quando expressa onisciência em relação a vários personagens). O grau de conhecimento que o narrador expressa sobre os personagens pode variar entre neutro (conta a história sem fazer comentários sobre o que está narrando) e instruso (quando além de narrar, ele também comenta o que pensa sobre os acontecimentos do enredo e as emoções e pensamentos dos personagens). O foco da narrativa na terceira-pessoa é permitir que o leitor tenha uma visão mais plural da história. Ela nos dá mais flexibilidade para entrar e sair da mente dos personagens, para narrar detalhes da história de uma forma mais criativa.
Os Instrumentos Mortais, Fallen, Sussurro e Alice no País das Maravilhas adotam esse estilo narrativo.

Ponto de vista alternado

Alguns escritores optam por narrar na terceira e na primeira pessoa em uma única história, alternando entre um narrador onisciente, mais distante, e um narrador-personagem, mais próximo. Outros escritores usam apenas a narrativa na primeira pessoa, alternando entre dois ou mais personagens-narradores. O foco da narrativa de ponto de vista alternado é permitir ao leitor tomar contato com a história a partir de diferentes pontos de vista e compará-los para tirar suas próprias conclusões sobre o que está sendo narrado.
Dezenove Luas, Entre o Agora e o Nunca são exemplos de livro com esse tipo de narrativa. Harlan Coben é um escritor que utiliza muito o tipo alternante entre primeira e terceira pessoa.


Quando eu escrevi Sombras ao Sol, achei que limitar a história na visão de Sofia seria ideal para o enredo que eu imaginei, do mesmo modo que, quando escrevi Dear Diary alternei a narração entre os dois personagens como forma de demonstrar o universo de cada um como uma maneira de aproximá-los do leitor e justificar suas atitudes, eles não sabiam porque o outro agia de tal maneira, mas o leitor tinha esse conhecimento e, dessa forma, podia acompanhar como cada uma das personagens se descobria. Já para Folhas Mortas eu utilizei uma alternância em terceira pessoa predominante com enxertos de primeira pessoa, porque a história me permitia essa alternância. Para escrever Avalanche e Dragão Azul eu utilizei a terceira pessoa porque a onisciência do narrador cairia melhor com o tipo de enredo que eu me propus. Pode parecer uma besteira, mas escolher a voz com que contamos a história faz toda a diferença na composição final do livro.


Então, até a próxima!